Bolívia vê indícios de tráfico de influência e omissão com LaMia
O Ministério abriu processo contra a companhia aérea e alguns funcionários, afirmou o ministro Milton Claros.
EFE
Publicado em 4 de dezembro de 2016 às 17h03.
Última atualização em 4 de dezembro de 2016 às 17h18.
La Paz - O ministro de Obras Públicas da Bolívia , Milton Claros, disse neste domingo que o governo encontra indícios de descumprimento de deveres e de tráfico de influência na fiscalização à companhia aérea LaMia e à preparação para o voo da Chapecoense que caiu perto de Medellín e deixou 71 mortos.
"Encontramos indícios de possíveis descumprimentos de deveres, descumprimento de controle interno e, possivelmente, uso indevido de influências", disse o ministro em entrevista ao canal de televisão estatal.
As suspeitas se baseiam na relação de parentesco entre um ex-diretor da Direção Geral da Aeronáutica Civil (DGAC) e o diretor-geral da LaMia, Gustavo Vargas Villegas e Gustavo Vargas Gamboa, filho e pai.
Vargas Villegas, que já deixou o cargo, era diretor do registro nacional da DGAC, e portanto era responsável por conceder licenças de voo às empresas.
Claros lembrou que o Ministério de Obras Públicas - encarregado do transporte aéreo - investiga a regularidade do processo pelo qual a LaMia obteve sua licença de voo e também a autorização do plano de voo do avião acidentado.
As autoridades definiram um prazo de dez dias para concluir a investigação. O Ministério abriu processo contra a companhia aérea e alguns funcionários, afirmou Claros.
Na opinião do ministro, o comportamento de alguns funcionários da DGAC e da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea (AASANA) requer punições drásticas.
"É um tema penal. Infelizmente mais de 70 pessoas foram sacrificadas por uma inação, uma irresponsabilidade ao cumprimento da legislação", opinou.
Claros acrescentou que o Ministério se dispõe a realizar auditorias, não só da LaMia, mas também de outras companhias que operam voos charter, âmbito no qual a empresa era especializada.
O ministro detalhou ainda que DGAC e AASANA, cujos diretórios foram suspensos para não haver intervenção na investigação, são organismos autônomos e descentralizados, mas também prometeu aumentar a fiscalização por parte do Ministério.