Brasil

BC diz que vê impacto da alta de juros na economia e no crédito pela 1ª vez

Em ata, instituição afirma que há "impactos perceptíveis" do ciclo de elevação da Selic, iniciado no início de 2021. Mas pondera ser necessário "manter a vigilância" para controlar a inflação

A meta da inflação para 2022 é de 3,5% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (Royalty-free/Getty Images)

A meta da inflação para 2022 é de 3,5% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (Royalty-free/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 1 de novembro de 2022 às 15h16.

Última atualização em 1 de novembro de 2022 às 15h23.

O Banco Central disse que já há "impactos perceptíveis" de sua política de aperto monetário sobre o crédito e a atividade econômica, segundo a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira.

Apesar dos efeitos, a instituição afirmou que é necessário "manter a vigilância", de modo a avaliar "se a estratégia de manutenção da taxa básica de juro (Selic) por um período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação".

A meta da inflação para 2022 é de 3,5% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Nos últimos 12 meses encerrados em setembro, o IPCA ficou em 7,17%.

"O Comitê debateu os impactos, já perceptíveis, da política monetária nos dados de crédito e atividade econômica. Nota-se um impacto nos dados recentes referentes tanto à composição das concessões de crédito para as famílias quanto ao aumento moderado da inadimplência, em parte associados a uma dinâmica na renda real disponível que sugere retração", disse o BC.

A ata se refere à reunião dos dias 25 e 26 de outubro, quando o Copom manteve a Selic em 13,75% ao ano.

Quer receber os fatos mais relevantes do Brasil e do mundo direto no seu e-mail toda manhã? Clique aqui e cadastre-se na newsletter gratuita EXAME Desperta.

É a primeira vez que a autoridade monetária escreve ter percebido sinais de efeitos do ciclo de alta de juros sobre a economia, especialmente sobre financiamentos e taxa de inadimplência.

O ciclo de alta começou no início de 2021 e levou os juros ao maior patamar desde 2017, com objetivo de combater a inflação, que chegou ao pico de 12% em abril.

Com a Selic elevada e as medidas para conter o avanço do índice, como o corte de ICMS sobre energia e combustíveis, a projeção dos analistas de mercado, agora, é que o indicador chegue ao fim do ano com alta de 5,61% e 4,94% em 2023.

A desaceleração do IPCA levou alguns economistas a prever cortes na Selic antes do projetado anteriormente. Mas o BC não seu sinais de que isso aconteça e demonstrou preocupações com a possibilidade de uma ampliação de gastos no novo governo.

"No cenário doméstico, o Comitê avalia que o aumento de gastos de forma permanente e a incerteza sobre sua trajetória a partir do próximo ano podem elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação à medida que pressionem a demanda agregada e piorem as expectativas sobre a trajetória fiscal", diz a ata, sem citar nominalmente o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula já afirmou que pretende manter o Auxílio Brasil de R$ 600 e colocou entre suas prioridades o reajuste real — acima da inflação — do salário-mínimo.

LEIA TAMBÉM:

Ambiente externo mantém-se adverso e volátil, diz ata do Copom

Copom ‘hawkish’? BC reforça mensagem em nova decisão, diz Rio Bravo

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomIPCA

Mais de Brasil

SP ainda tem 36 mil casas sem energia neste domingo

Ponte que liga os estados de Tocantins e Maranhão desaba; veja vídeo

Como chegar em Gramado? Veja rotas alternativas após queda de avião

Vai viajar para São Paulo? Ao menos 18 praias estão impróprias para banho; veja lista