Imagem de arquivo: segundo projeto, as regras valeriam não só para discussões em sala de aula, como para livros, vestibulares e provas de concurso (Wikimedia Commons/Creative Commons)
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2018 às 06h27.
Última atualização em 12 de novembro de 2018 às 16h16.
Assim que Jair Bolsonaro foi eleito presidente neste domingo, a deputada estadual eleita pelo PSL em Santa Catarina Ana Caroline Campagnolo disponibilizou um canal direto para seus apoiadores denunciarem atos que poderiam, na visão dela, configurar doutrinação de professores em sala de aula. A ação levou o Ministério Público a abrir uma investigacao sobre a conduta da deputada que sequer assumiu o cargo.
Nesta quarta-feira, outro evento deve antecipar os debates sobre a validade de uma pauta tida por especialistas em educação como uma porta aberta para a censura em sala de aula. Uma comissão especial na Câmara dos Deputados deve votar o projeto batizado de escola sem partido. O texto anexado ao site da Câmara proíbe a “orientação sexual” e a “ideologia de gênero” nas escolas, assim como conteúdos que possam ser classificados como de “ideologia política e partidária”.
Segundo projeto, que deve ir à votação às 14h30, as regras valeriam não só para discussões em sala de aula, como para livros, vestibulares e provas de concurso. Em entrevista ao jornal O Globo, o deputado Marcos Rogerio (DEM-RO), presidente da comissão especial que trata do tema, afirmou que o parlamento precisa dar uma resposta à sociedade que se mostrou, segundo ele, preocupada com a “ideologia de gênero” nas eleições. Boa parte da preocupação, vale ressaltar, foi incentivada por uma mentira intensamente repetida por Bolsonaro e sua equipe — a de que Fernando Haddad (PT) havia criado um “kit gay” a ser distribuído aos alunos. Mesmo após proibição pelo Tribunal Superior Eleitoral, Bolsonaro voltou a repetir a mentira em entrevista nesta segunda-feira.
Ontem, circulou pelas redes sociais uma postagem da deputada Ana Caroline, que é professora, desta vez posando em sala de aula com uma camisa de Bolsonaro ao lado de um aluno. Opositores do PSL se questionaram se a proibição a manifestações políticas só valeria para um lado. É uma mostra de que até para seus mais fiéis defensores é difícil definir o que, afinal, é uma “escola sem partido”.