O Itaú Unibanco foi o banco, entre as grandes instituições financeiras, que mais recuperou crédito este ano (Alexandre Battibugli/EXAME)
Da Redação
Publicado em 24 de dezembro de 2010 às 08h35.
Em meio à expansão de mais de 20% no mercado de crédito este ano os bancos resolveram reforçar as áreas de cobrança e estão registrando níveis recordes de recuperação de calotes. Alguns bancos, além do reforço interno com a contratação de novos executivos, aumentaram a ofensiva e ampliaram a contratação de empresas terceirizadas especializadas na recuperação de dívidas.
O Itaú Unibanco foi o banco, entre as grandes instituições financeiras, que mais recuperou crédito este ano. As operações somaram R$ 2,95 bilhões de janeiro a setembro, expansão de 104 6% ante igual período do ano passado. No Bradesco, os empréstimos recuperados cresceram 81% e somaram R$ 1,95 bilhão. O Banco do Brasil cresceu menos que seus concorrentes privados, mas ainda apresentou taxa elevada de expansão, de 35%, e R$ 2,44 bilhão em créditos recuperados.
A Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito (Aserc) estima que o mercado de recuperação de crédito movimente R$ 8 bilhões por ano no Brasil. São mais de 15 mil empresas de cobrança, que prestam serviços aos bancos e financeiras, e empregam 300 mil pessoas. Em geral, o primeiro contato com o devedor é feito por telefone, quando se pode fazer uma proposta de renegociação do empréstimo. Caso o contato telefônico são tenha efeito, a empresa ou banco enviam os funcionários de cobrança diretamente na casa do tomador de recursos. O último caso é acionar a Justiça para cobrança.
Os especialistas destacam que o cenário atual é muito positivo para o crédito. Com o aquecimento da economia, pessoas que tinham perdido o emprego ano passado, por causa da crise financeira mundial, conseguem novos postos de trabalho e saldam dívidas antigas. A queda das taxas de desemprego e o aumento da renda contribuem para a redução dos calotes. A taxa de inadimplência dos bancos está voltando para níveis de 2008 e algumas instituições apostam que o indicador deve cair ainda mais, embora em menor ritmo que nos trimestre anteriores.
Além de reforçar a área de cobrança, o diretor corporativo de Controladoria e de Relações com Investidores do Itaú, Rogério Calderón, destaca que o banco tem procurado se expandir no crédito para pessoas físicas em carteiras de menor risco, como o empréstimo consignado e o financiamento imobiliários. No consignado, como as parcelas são descontadas em folha de pagamento, o risco de calote é muito baixo. No financiamento habitacional, o próprio imóvel é dado como garantia, reduzindo a perda.
Em queda
O resultado desse movimento é que as taxas de inadimplência caíram no terceiro trimestre para o menor nível desde dezembro de 2008. A perspectiva é que devem continuar caindo, principalmente na pessoa física. “É um mix melhor da carteira do que tínhamos no período pré-crise.”
No Bradesco, o vice-presidente executivo do banco, Domingos Ferreira de Abreu, destaca que a ofensiva na área de cobrança, além de aumentar os níveis de empréstimos recuperados, ajudou a melhorar as despesas de provisões para devedores duvidosos. No acumulado do ano, essas despesas caíram 27% e o banco optou por não fazer provisões extras para calotes.
O executivo do Bradesco prevê que as taxas de inadimplência para pessoa física devem ter mais uma pequena queda até o final do ano. O indicador, considerando os atrasos acima de 90 dias, terminou o terceiro trimestre em 3,8% e a previsão é que termine o ano em 3,7%: “Não vemos razões pra imaginar que a inadimplência voltará a subir.”
O Banco do Brasil, que também reforçou a área de cobrança, teve movimento semelhante aos bancos privados, com expansão dos empréstimos em carteiras de menor risco. No caso do financiamento imobiliário, por exemplo, o banco vai crescer mais que o previsto este ano. A meta era dobrar a carteira no ano, mas logo no início deste mês o objetivo já foi alcançado.