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Baixa vacinação pode disseminar febre amarela no Brasil, diz OMS

Organização aponta que o fato de muitas pessoas não estarem vacinadas representa um risco de uma mudança no padrão de transmissão da doença

Febre amarela: OMS indicou que as medidas adotadas pelo governo de fato conseguiram impedir que o atual surto fosse de maior escala do que os anteriores (foto/Reuters)

Febre amarela: OMS indicou que as medidas adotadas pelo governo de fato conseguiram impedir que o atual surto fosse de maior escala do que os anteriores (foto/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de janeiro de 2018 às 20h11.

Genebra - A campanha de vacinação de ampla escala que será realizada no Brasil para frear a febre amarela será um "desafio significativo".

O alerta é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que, em um informe publicado nesta segunda-feira, 22, aponta que o fato de muitas pessoas não estarem vacinadas representa um risco de uma mudança no padrão de transmissão da doença.

A OMS, que nas últimas semanas mostrou preocupação com a situação no Brasil, indicou que as medidas adotadas pelo governo de fato conseguiram impedir que o atual surto fosse de maior escala do que os anteriores.

Ainda assim, o grande número de pessoas não vacinadas que vivem em áreas com ecossistema favorável à transmissão do vírus representa um elevado risco de uma mudança no padrão da transmissão atual.

"Espera-se que a decisão das autoridades brasileiras de conduzir a vacinação em massa possa limitar efetivamente a transmissão da febre amarela", declarou a OMS. Mas a entidade aponta para a dimensão operacional que a iniciativa exigirá.

"É importante notar que, diante da escola e dimensão, essa campanha de vacinação em massa provavelmente seja caracterizada por desafios logísticos significativos", alertou.

Na semana passada, postos de saúde ficaram sem a vacina e certos locais tiveram o policiamento reforçado. Em alguns pontos, a fila chegava a nove horas.

A preocupação com a operação não ocorre por acaso. O jornal O Estado de S. Paulo revelou com exclusividade que, desde a semana passada, a OMS pediu a realização de uma reunião por semana com o governo brasileiro para conseguir acompanhar o que está sendo feito no País. Nesta próxima quarta-feira, 24, o encontro terá como um de seus principais temas a operação da campanha de vacinação.

"No início de janeiro de 2018, para reduzir o risco de um maior surto de febre amarela, o Ministério da Saúde anunciou planos para realizar campanhas massivas de vacinação, o que incluiria vacinas padrões e fracionadas", disse a OMC.

"As campanhas ocorrerão em São Paulo e no Rio, a partir do dia 25 de janeiro até 17 de fevereiro e, na Bahia, entre 19 de fevereiro e 3 de março", explicou.

"A meta é a de vacinar 21,8 milhões de pessoas em 77 municípios que vivem nesses três Estados", apontou.

O governo indicou que quer a ajuda da OMS e de sua agência regional - até para receber 20 milhões de seringas.

Mas Brasília, Washington e Genebra ainda negociam outras formas de cooperação. O governo, por exemplo, não descartou à OMS a realização de uma segunda fase da campanha.

De acordo com a entidade, o número de casos da doença em animais desde julho de 2017 "continuam sendo uma preocupação, especialmente perto de áreas urbanas de grandes cidades, como São Paulo, e em municípios que eram considerados fora da área de risco".

Recomendação

Nesta segunda-feira, a OMS voltou a recomendar que turistas estrangeiros sejam vacinados antes de visitar São Paulo.

Isso, segundo a entidade, ocorre depois do registro de um caso de um holandês que esteve em Mairiporã, na região metropolitana.

Agora, a OMS pede que os governos "disseminem a recomendação" a seus cidadãos antes que viajem ao Brasil.

Desde setembro de 2017, quando a doença foi confirmada em São Paulo, a OMS aponta como autoridades nacionais intensificaram campanhas de vacinação.

Além disso, autoridades municipais e estaduais têm fortalecido serviços de saúde para administrar os casos.

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