São Paulo - No dia 18 de janeiro de 2000, as
águas da Baía de Guanabara ficaram negras depois que um duto de petróleo rompeu-se, espalhando 1,3 milhão de litros de óleo em um raio de 40 km. Seus manguezais, peixes, aves e outros animais foram cobertos pelo combustível, gerando imagens comoventes que correram o Brasil. O episódio entrou para a história como um dos maiores acidentes ambientais do país. Mas ele também pode ser lembrado como a mais visível das agressões irresponsáveis que a Baía de Guanabara sofre há décadas. Desde o início dos anos 1980, os problemas de
poluição se agravaram em decorrência do crescimento urbano desordenado e instalação de complexos industriais no entorno da Baía. Hoje, as águas turvas e poluídas que receberão as provas de vela das
Olimpíadas 2016 são o retrato do descaso: do
lixo não coletado e do
esgoto doméstico e industrial vindo de 16 cidades da Região Metropolitana do Rio, das quais 13 não o tratam devidamente. Projetos de despoluição existem desde a década de 90, mas são extremamente lentos e incompletos na execução. Só nos últimos 20 anos, mais de R$ 10 bilhões em empréstimos foram gastos em programas de limpeza. Em 2009, as Olimpíadas do Rio surgiram como a tábua da salvação. Quando a cidade foi escolhida para sediar os jogos, a recuperação da Baía de Guanabara foi apontada como o maior legado do evento. A promessa era de "coletar e tratar 80% de todos os esgotos" lançados na Baía até 2016. Mas o compromisso olímpico frustrou. Atualmente, só 49% do esgoto jogado na Baía recebe tratamento, segundo dados do governo. O restante tem passe livre para poluir. Para abalar ainda mais a credibilidade da promessa, recentemente, uma análise da qualidade da água encomendada pela agência de notícias AP encontrou níveis perigosamente altos de vírus e bactérias de esgoto humano em locais de competições olímpicas e paralímpicas. A notícia, naturalmente,
assustou os atletas olímpicos e especialistas internacionais. Agora, o governo diz que precisa de mais 15 anos (e de mais recursos) para recuperar toda a área. Na última quinta, o estado fluminense
anunciou um novo plano de despoluição da Baía, que contará com a participação de sete universidades e três centros de pesquisas. Desta vez, a meta é despoluir a Baía de Guanabara até 2030. A conferir. Veja a seguir, uma série de fotos recentes do cartão-postal que agoniza na sujeira.