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Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2013 às 18h06.
O brasileiro Roberto Azevêdo, novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), prometeu nesta terça-feira restaurar o papel do organismo multilateral na cerimônia de nomeação oficial por parte dos representantes dos 159 Estados membros, reunidos em uma sessão do Conselho da OMC.
"Vou continuar trabalhando com vocês neste mandato, extremamente exigente", prometeu o diplomata de 55 anos, representante do Brasil na OMC desde 2008.
Azevêdo, designado na semana passada por consenso para substituir a partir de 1º de setembro o francês Pascal Lamy, de 66 anos, recordou que trabalha com a OMC há 15 anos.
"Conheci dias muitos melhores. Me comprometo com todos os membros a trabalhar com eles, com uma firme determinação, para restaurar o papel da OMC e a preeminência que merece e deve ter", disse.
O brasileiro terá como principal desafio retomar as negociações da Rodada de Doha para liberalizar o comércio mundial e ajudar o desenvolvimento das nações mais pobres.
A Rodada de Doha foi lançada em 2001 na capital do Qatar com o objetivo de derrubar barreiras comerciais, mas tropeçou nas persistentes divergências entre os países industrializados e emergentes e também entre Estados Unidos, China, União Europeia e Índia.
Azêvedo chegará à direção da OMC em plena disputa comercial entre China e União Europeia. Esses dois importantes atores do comércio mundial mantêm vários contenciosos e ambos enfrentam dificuldades econômicas, um em recessão e outro em desaceleração econômica.
Para ser nomeado novo diretor-geral, Azevêdo competiu com o mexicano Herminio Blanco, de 62 anos, que dirigiu as negociações do México no histórico acordo comercial norte-americano (Nafta), assinado em 1994.
O diretor-geral da OMC não é eleito, mas nomeado mediante um processo de seleção ao qual inicialmente se apresentaram oito candidatos, que foram eliminados em diversas fases. Os dois finalistas foram Azevêdo e Blanco.
O primeiro latino-americano a ocupar o posto de diretor-geral prometeu a independência da OMC.
"Não vou defender os interesses do Brasil nem nada parecido, ou a política comercial brasileira", disse Azevêdo recentemente à AFP.
A eleição de um representante dos países emergentes para dirigir esta instituição atingida por fortes antagonismos gerou esperança.
"A OMC é capaz de se ajustar, de se transformar em função das grandes evoluções da economia mundial, entre as quais está essa grande virada, que vimos nos últimos anos e que a crise acelerou, entre os países avançados como a Europa ou os Estados Unidos e os países emergentes", disse na semana passada o diretor em fim de mandato da OMC, Pascal Lamy.