Aumenta o consumo de fast food no Brasil, e cai o de arroz e feijão
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, revela os hábitos alimentares no Brasil
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de agosto de 2020 às 08h10.
Última atualização em 22 de agosto de 2020 às 08h11.
O arroz e o feijão continuam sendo o carro-chefe da dieta brasileira, em geral acompanhados de alguma proteína animal, segundo números da nova Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE , divulgada na sexta-feira, 21. No entanto, segundo o instituto, entre o levantamento de 2008/2009 e este último, de 2017/2018, houve redução no consumo desses alimentos e aumento na ingestão de fast-food.
A frequência do consumo de arroz, por exemplo, ainda é predominante, mas caiu de 82,7% para 72,9%. A do feijão, de 72 1% para 59,7% e a de carne bovina de 43,8% para 34,6%. A de frutas também se reduziu de 45,4% para 37,4%. Na contramão dessa tendência, a frequência na ingestão de sanduíches e pizzas cresceu de 10,5% para 17%.
Ainda assim, os alimentos consumidos diariamente pelos brasileiros são, na maioria, naturais ou minimamente processados - o que, na avaliação dos especialistas, também é positivo. Mas esse modo de vida pode estar ameaçado pela comida ultraprocessada.
"Alimentos ultraprocessados - os quais, segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, deveriam ser evitados - somam cerca de um quinto das calorias consumidas. A maior participação de alimentos ultraprocessados, em relação ao total calórico, foi para adolescentes (26,7%), sendo intermediária entre adultos (19 5%) e menor entre idosos (15,1%)", acrescenta a pesquisa.
Para André Martins, um dos técnicos responsáveis pelo trabalho, há problemas na alimentação básica dos brasileiros. "O consumo de frutas já era aquém do esperado em 2008 e continua. O consumo de legumes e verduras está abaixo do esperado e ainda há um aumento na ingestão de sanduíches e refeições rápidas, sobretudo no caso dos adolescentes."
Novos hábitos
Há um ano e meio, o servidor público Leandro Rocha, de 39 anos, decidiu mudar sua alimentação. Deixou de lado alimentos prontos e embutidos e introduziu salada crua nas refeições. "Passei a consumir todos os tipos de folhas. Alfaces, rúcula, couve, agrião, folhas de beterraba, acelga e repolho. Antes disso, raramente comia alguma folha."
A mudança aconteceu por dois motivos: vontade de emagrecer e prevenir doenças decorrentes do aumento de peso. "Consegui perder mais de 10 quilos. Hoje estou com 78 quilos." Há um ano, Rocha também tirou o refrigerante. "No começo foi difícil, mas após uns dois meses me acostumei."