Cumbica: presidente da Iata quer um plano concreto para os aeroportos brasileiros (Mario Rodrigues/VEJA São Paulo)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2010 às 16h43.
São Paulo - O presidente da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), Giovanni Bisignani, criticou a infraestrutura aeroportuária brasileira, classificando-a de “inadequada” para atender a grandes eventos, como a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Durante um fórum promovido pela Associação de Transporte Aéreo da América Latina e Caribe (Alta), ontem (18), no Panamá, Bisignani mencionou que 13 dos 20 principais aeroportos brasileiros já operam no limite da capacidade e que nada estaria sendo feito para resolver o problema.
“Não vemos muito progresso e o tempo está passando. Para evitar um constrangimento nacional, devemos unir todos os envolvidos na mesma mesa e finalizar um plano”, disse o presidente da entidade que reúne 230 companhias de 126 países. Bisignani também afirmou haver um descompasso entre os investimentos na infraestrutura aeroportuária e o crescimento da demanda por transporte aéreo, o maior da América Latina.
“A América Latina é hoje uma estrela luminosa na indústria, depois de uma década de crises e mudanças. Hoje, é a única região a registrar lucratividade. Mas mais mudanças são necessárias”, alertou Bisignani.
A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou que os investimentos necessários para adequar todos os aeroportos brasileiros à projeção de crescimento da demanda de usuários já estavam programados desde antes da escolha do país como sede da Copa ou das Olimpíadas, e que o cronograma de obras vem sendo seguido. Os investimentos nos aeroportos relacionados à Copa do Mundo totalizam R$ 5,15 bilhões. Só no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, deverão ser investidos R$ 1,2 bilhão.
De acordo com o detalhamento apresentado pela estatal, boa parte das obras deverá ser concluída apenas no segundo semestre de 2013, após, portanto, a Copa das Confederações, marcada para junho de 2013 e que servirá de teste para a Copa do Mundo de Futebol.
O especialista em infraestrutura aeroportuária José Wilson Massa acha um exagero afirmar que os aeroportos brasileiros são inadequados. Entretanto, concorda com o presidente da Iata quando disse que os investimentos brasileiros nos últimos anos foram insuficientes.
“ Em algum momento, a Infraero não conseguiu mais acompanhar o aumento do número de passageiros. A maior evidência disso é que, agora, a empresa tem recorrido à instalação de módulos provisórios como alternativa às obras que deixaram de ser feitas nos principais aeroportos.”
Massa defende que o modelo de gestão da Infraero seja reformulado para permitir à estatal firmar contratos com empresas privadas, a exemplo do que faz a Petrobras. “ Só assim haverá tempo de concluirmos tudo para Copa do Mundo. Dentro do atual modelo [de gestão], não vamos conseguir.”