4 hipóteses para o rompimento de barragens como as de Minas
Causas para desastre em Minas seguem como um mistério. Desmoronamento já é o pior da história do estado
Talita Abrantes
Publicado em 11 de novembro de 2015 às 17h12.
Última atualização em 20 de outubro de 2016 às 16h30.
São Paulo - Dois dias depois que o rompimento de duas barragens da Samarco deixou um rastro de destruição em ao menos cinco distritos do município de Mariana e na cidade de Barra Longa, em Minas Gerais , uma série de questionamentos ainda segue sem respostas sobre a tragédia.
O principal deles tem relação com os fatores que conduziram ao incidente. Afinal, como uma estrutura, devidamente licenciada, pode protagonizar um desastre dessa magnitude?
Até o momento, sabe-se que abalos sísmicos foram registrados na região e de que uma obra de aumento da capacidade de uma das represas estava sendo tocada na barragem do Fundão no momento do desmoronamento.
No entanto, ainda é cedo para chegar a qualquer conclusão sobre as causas.
O número de mortos ainda não foi confirmado, mas a expectativa é de que o desastre seja – de longe – o maior do tipo no estado de Minas Gerais.
Desastres do tipo são comuns?
Entre 2001 e 2014, cinco desastres semelhantes deixaram ao menos oito mortos, além de uma avalanche de danos ao meio ambiente no estado.
No pior da série histórica, em Cataguases, cerca de 1,4 bilhão de litros de lixivia negra, resíduo da produção da celulose, contaminaram o Rio Paraíba do Sul e córregos até 200 quilômetros distantes, segundo informações do Estado de Minas.
“Barragens estão entre as estruturas mais seguras que existem. A ruptura é algo que ocorre muito raramente, mas pode acontecer”, afirma Ciro Humes, professor de Engenharia Civil do Centro Universitário FEI, em São Paulo.
Quais as principais causas?
De acordo com um levantamento da Comissão Internacional de Grandes Barragens (ICOLD, da sigla em inglês), são três as causas mais comuns para a ruptura de estruturas do tipo.
Há oito anos, o município de Miraí, também em Minas, foi vítima do fator mais frequente de rompimentos de barragens. “Choveu demais na cabeceira e a barragem [da mineradora Rio Pomba Cataguases] não tinha como dar vazamento para essa água. A água passou por cima da estrutura causando a ruptura dela”, conta Hernani Mota de Lima, professor de engenharia de minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Voluntários organizam donativos recebidos aos desabrigados do rompimento das barragens em Mariana, MG
Independente do resultado das investigações, a Samarco, que é uma joint venture da Vale com a australiana BHP, deve ser responsabilizada, de acordo com um dos promotores que acompanham o caso. De acordo com a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), os custos com a recuperação ambiental das áreas atingidas serão de responsabilidade da Samarco.
Até o momento em que esta reportagem foi publicada, uma morte havia sido confirmada e outras 13 pessoas continuavam desaparecidas. De acordo com informações do jornal O Estado de Minas, 15 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo ainda correm risco de serem atingidos por uma onda de detritos decorrente do desastre.