Argentina entrega ao Brasil relatórios da ditadura militar
Documento aborda brasileiros desaparecidos em território argentino e argentinos desaparecidos no Brasil
Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2014 às 18h27.
Buenos Aires - A Argentina entregou nesta segunda-feira à Comissão Nacional da Verdade dois relatórios sobre o terrorismo de Estado durante a última ditadura militar argentina (1976-1983), informaram fontes oficiais.
A entrega destes documentos responde a um pedido do ano passado da Comissão da Verdade sobre brasileiros desaparecidos em território argentino e sobre argentinos desaparecidos no Brasil.
A Comissão, criada em 2012, investiga violações dos direitos humanos na última ditadura no Brasil (1964-1985) e incluiu em seu trabalho o alcance da chamada "Operação Condor", uma ação coordenada pelas ditaduras no Cone Sul entre 1970 e 1980.
Os relatórios, elaborados pela procuradoria geral da Argentina e a Comissão da Memória da província de Buenos Aires, foram entregues hoje em um ato que contou com a presença do vice-chanceler argentino, Eduardo Zuaín, da procuradora geral da Argentina, Alejandra Gils Carbó, do embaixador brasileiro em Buenos Aires, Everton Vieira Vargas, e do titular da Comissão pela Memória, Hugo Canhão.
"A entrega de documentos responde a um pedido feito pela Comissão da Verdade em abril do ano passado", lembrou a chancelaria argentina em comunicado.
"A documentação que foi entregue hoje ao embaixador do Brasil é relacionada aos casos solicitados e vieram dos arquivos do que foi a direção de Inteligência da Polícia da Província de Buenos Aires (DIPBA) e em documentos fornecidos pela Procuradoria Geral da Nação", indicou a chancelaria.
Não existem dados oficiais consolidados no Brasil sobre vítimas da ditadura, mas movimentos de direitos humanos afirmam que foram pelo menos mil mortos e 400 desaparecidos, números que a Comissão da Verdade tenta esclarecer em seu trabalho.
Já a ditadura militar argentina deixou pelo menos 30 mil desaparecidos, segundo os números de organizações de direitos humanos. EFE