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Aprovação do governo Dilma tem primeira queda desde julho

Queda foi puxada pela inflação mais alta dos alimentos e a preocupação crescente com o desemprego


	Presidente Dilma: percentual dos que consideram o governo Dilma ótimo ou bom caiu para 36% em março
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Presidente Dilma: percentual dos que consideram o governo Dilma ótimo ou bom caiu para 36% em março (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2014 às 16h58.

Brasília - A aprovação do governo da presidente Dilma Rousseff caiu 7 pontos percentuais em março, na primeira queda desde julho do ano passado, puxada pela inflação mais alta dos alimentos e a preocupação crescente com o desemprego, mostrou pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira.

O percentual dos que consideram o governo Dilma ótimo ou bom caiu para 36 por cento em março, ante 43 por cento em novembro do ano passado.

A aprovação pessoal de Dilma e a confiança na presidente também registraram a primeira queda desde julho de 2013, após a onda de manifestações que tomou as ruas do país, mostrou a pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O percentual dos que avaliam o governo como ruim ou péssimo subiu para 27 por cento, ante 20 por cento em novembro. O dos que consideram o governo regular ficou em 36 por cento, ante 35 por cento.

Havia expectativa dentro do governo de que a avaliação positiva da gestão Dilma continuasse subindo, mantendo a trajetória de recuperação desde o ápice das manifestações populares, mas o que ocorreu foi uma queda abrupta dos níveis de aprovação.

Para o gerente-executivo de pesquisas e competitividade da CNI, Renato da Fonseca, ainda não é possível afirmar que essa será uma tendência, porque é a primeira queda registrada nos últimos meses.

Fonseca afirmou que a perda de popularidade está relacionada à alta dos preços dos alimentos e à maior preocupação com o desemprego.

"O que a gente percebe é que o aumento da inflação de alimentos pode estar afetando de maneira importante essa queda na popularidade", disse Fonseca. "Não é uma questão simples, houve nos últimos anos inflação puxada por serviços, mas nos alimentos influencia muito mais a população", argumentou.


"Assim que passar a inflação sazonal, pode ter efeito sobre a avaliação do governo", disse Fonseca sobre a recuperação da avaliação positiva.

A CNI não fez simulações eleitorais, mas Fonseca admitiu que a queda de popularidade tem efeito na corrida presidencial, apesar de a disputa ainda não ter começado para valer.

Avaliação Pessoal Também Cai

A pesquisa apontou ainda que 48 por cento dos entrevistados confiam na presidente, contra 52 por cento na pesquisa anterior.

A aprovação pessoal de Dilma também piorou, ficou em 51 por cento, ante 56 por cento em novembro, ao passo que os que desaprovam a presidente somam agora 43 por cento, contra 36 por cento.

A expectativa positiva em relação ao restante do governo Dilma também desabou de 45 por cento em novembro para 36 por cento agora. Os que consideram que os meses finais desse mandato serão ruins ou péssimos somam agora 28 por cento, contra 21 por cento do último levantamento.

De acordo com o CNI/Ibope, em todas as nove áreas do governo pesquisadas, como saúde, educação, segurança pública, taxa de juros, entre outras, houve piora na avaliação positiva.

Mesmo em áreas em que o governo sempre foi mais aprovado do que desaprovado, como o combate à fome e à pobreza, agora há mais insatisfação.

Em novembro, 53 por cento das pessoas aprovavam essa ação do governo e 45 por cento desaprovavam. Agora, 49 por cento delas desaprovam o combate à fome e à pobreza e 48 por cento aprovam. Essa é uma das bandeiras de campanha de Dilma.

O desemprego, que se mantém estável no país e também é uma âncora da gestão petista, passou a gerar maior preocupação entre os entrevistados.

O percentual que desaprova a ação do governo para combater o desemprego subiu de 49 por cento em novembro para 57 por cento agora. O percentual dos que aprovam caiu de 47 por cento para 40 por cento.


A desaprovação ao combate à inflação atingiu seu maior nível nessa pesquisa e chegou a 71 por cento, subindo oito pontos percentuais em relação a novembro. Apenas 24 por cento dos entrevistados aprovam a ação do governo nessa área, ante 31 por cento no último levantamento.

"Acho que (pesquisa) mostra que 2014 vai ser um ano difícil para o governo", disse à Reuters o analista político da Tendências Consultoria Rafael Cortez.

"O conjunto dos principais pontos da agenda jogam contra aprovação do governo", disse, dando como exemplos os temores com a inflação e o racionamento de energia, além da possibilidade de protestos durante a Copa do Mundo e da criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado para investigar a Petrobras.

Reação do Mercado

Logo após a divulgação da queda de popularidade da presidente e do governo, o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, acelerou ganhos. Na máxima da sessão, subiu 3,15 por cento, num movimento generalizado de alta, mas com destaque para ações de estatais.

Às 12h24, o índice tinha alta de 2,61 por cento, aos 49.228 pontos. No mesmo horário, a ação ordinária da Eletrobras registrava valorização superior a 8 por cento, a maior do índice.

Esse movimento, porém, foi questionado por Fonseca, da CNI.

"Não sei por que o preço de uma empresa depende da avaliação do governo", analisou. Questionado se isso poderia mexer com o ânimo dos empresários para investir, ele rejeitou a possibilidade.

"Eu não veria como avaliar mal o governo vai estimular o empresário a investir mais. Ele investe dependendo da sua confiança na economia", afirmou Fonseca A CNI não divulgou pesquisa de intenção de voto para a eleição presidencial deste ano, quando Dilma tentará a reeleição O Ibope ouviu 2.002 pessoas entre os dias 14 e 17 de março. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.

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