Brasil

Após cinco meses parada, reforma administrativa deve começar a andar

Enviado pelo governo em setembro de 2020, o projeto que muda as regras do funcionalismo público deve ser encaminhada para o primeiro passo da tramitação: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara

LDO: Com a aprovação do texto, o próximo passo será a votação no plenário do Congresso antes do recesso parlamentar, que começa no dia 17 de julho (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

LDO: Com a aprovação do texto, o próximo passo será a votação no plenário do Congresso antes do recesso parlamentar, que começa no dia 17 de julho (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

AA

Alessandra Azevedo

Publicado em 9 de fevereiro de 2021 às 06h00.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2021 às 06h52.

A reforma administrativa, parada há mais de cinco meses no Congresso, deve começar a avançar nesta terça-feira, 9, segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Enviado pelo governo em setembro de 2020, o projeto que muda as regras do funcionalismo público deve ser encaminhada para o primeiro passo da tramitação: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

Durante a campanha pela presidência da Câmara, Lira elencou a reforma administrativa como uma das prioridades da gestão dele, se fosse eleito. A meta, segundo ele, é votar a matéria no plenário ainda no primeiro trimestre. “Estarei encaminhando amanhã (9/2) para a CCJ a reforma administrativa como o primeiro pontapé para a discussão dessa matéria. Estou me comprometendo a fazer a discussão e levar para o plenário”, escreveu Lira, no Twitter, nesta segunda-feira, 8.

O texto sofre resistências desde que chegou à Câmara. Parlamentares, principalmente da oposição, alegam que as regras propostas ferem direitos e abrem caminho para perseguições a servidores. Um dos pontos mais criticados é o fim da estabilidade para quase todas as carreiras. Pelo texto do governo, apenas servidores de carreiras típicas de estado poderão manter a estabilidade. A lista de quais carreiras se enquadram nesse critério ainda será enviada.

O projeto também propõe revisão de benefícios, como licença-prêmio e progressão de carreira baseada apenas em tempo de serviço. As regras valerão apenas para novos servidores, depois de promulgado o texto. Outro foco de críticas é o fato de parlamentares, ministros de tribunais superiores, promotores e juízes não serem afetados pelas novas regras. O assunto deve ser discutido durante a tramitação.

Próximos passos

A CCJ, porém, é apenas a primeira fase de tramitação. Depois de ter a constitucionalidade aprovada pelo colegiado ou seja, se a comissão entender que a matéria não fere a Constituição , a reforma precisa passar por uma comissão especial, que discutirá o mérito. Lá, o relator apresenta um parecer, que pode sugerir mudanças no texto enviado pelo governo. Só depois, a matéria vai para o plenário. Em seguida, passa pelas mesmas fases de tramitação no Senado.

A CCJ está parada desde março, devido à pandemia do novo coronavírus. Para retomá-la, é preciso aprovar uma resolução no plenário. Lira pautou a votação da resolução para esta terça-feira. A comissão deve voltar a funcionar em março, depois do carnaval. Os deputados ainda precisam decidir quem comandará a CCJ. A deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF) é a mais cotada, mas é alvo de resistência entre os parlamentares.

Como a reforma foi enviada na forma de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), o processo é demorado. Os deputados e senadores precisam aprovar o texto em dois turnos de votação, com três quintos dos votos em cada Casa. Ou seja, para que a reforma seja aprovada, são necessários 308 votos de deputados e 49 de senadores. Depois, a PEC não precisa ser sancionada pelo presidente da República, ela vai direto para promulgação e passa a fazer parte do texto constitucional.

O governo ainda prometeu duas outras fases da reforma administrativa, que serão enviadas em outros projetos. A próxima leva tratará de gestão de desempenho, diretrizes de carreiras e cargos, funções e gratificações. O terceiro projeto será sobre direitos e deveres, estrutura remuneratória e organização das carreiras. O governo ainda não deu data para enviar as próximas etapas.

Acompanhe tudo sobre:Arthur LiraCâmara dos DeputadosCongressoReforma Administrativa

Mais de Brasil

Cidade do Maranhão decreta calamidade pública por conta de voçorocas

Criminosos de fuzis atacam delegacia em Duque de Caxias após prisão de chefe do tráfico

No Planalto, clima é de desânimo após resultado do Datafolha; 8 pontos explicam reprovação recorde

Avião de pequeno porte cai e mata duas pessoas no interior de São Paulo