Após cinco anos, Brasil recupera certificado de eliminação do sarampo
Último registro aconteceu em junho de 2022, no Amapá
Agência de notícias
Publicado em 12 de novembro de 2024 às 17h04.
Cinco anos após perder o certificado de eliminação do sarampo, em 2019, o Brasil voltou a receber da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o status de país livre da doença. O último registro de sarampo no país, segundo o Ministério da Saúde , ocorreu em junho de 2022, no Amapá.
Durante cerimônia em Brasília nesta terça-feira, 12, o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, destacou que, quando se reúne capacidade técnica e liderança política comprometida com a causa, "as coisas acontecem". “Ver um presidente liderando uma retomada do programa de imunização, usando broche do Zé Gotinha, sendo vacinado e incentivando a população a se vacinar faz uma diferença tremenda ”.
Antes do evento, Jarbas Barbosa se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, e entregou o certificado pessoalmente. “Esse diploma é resultado da força da retomada e da competência do sistema de vacinação brasileiro”, destacou o presidente em comunicado.
Exemplo das Américas na recuperação vacinal
Em seu discurso, Jarbas lembrou que as Américas figuram como a região que mais recuperou a cobertura vacinal após a pandemia de covid-19. “Isso é importante porque a pandemia foi um golpe. Estima-se que 23% ou 24% das crianças deixaram de se vacinar durante a pandemia”.
Desde 2015, as coberturas vacinais nas Américas já vinham caindo lentamente, mas de forma preocupante. O fato de a região ter não só recuperado, mas ter sido a que mais avançou, oferece uma grande esperança. "Em breve, estaremos com os 95% de cobertura vacinal que precisamos".
Importância da vigilância e vacinação contra o sarampo
“Não nos esqueçamos de que o sarampo continua a existir no mundo – na Europa, na Ásia, na África e em outros continentes. Teremos casos importados de sarampo. O preocupante é quando não tivermos esses casos – provavelmente por falha na vigilância. Precisamos manter a vacinação elevada e a vigilância sensível”, alertou Barbosa.
Ao receber o certificado, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, classificou o status de país livre do sarampo como uma conquista importante. “É uma conquista que vem da capacidade técnica do país, que precisava ser mobilizada junto com a sociedade e com a cooperação da Opas”.
Para o presidente da Câmara Técnica Nacional de Especialistas, Renato Kfouri, a recertificação é resultado da retomada dos investimentos em vacinação e vigilância epidemiológica. “Tive a oportunidade de presidir essa câmara técnica e vi um trabalho sendo feito neste Brasil afora com propósito e compromisso – palavras que têm todo significado nesse dia de hoje”.
Manutenção do status e desafios futuros
Em nota, a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, celebrou a recertificação, mas alertou que a manutenção do status depende de mobilização constante. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, em 2023, mais de 320 mil casos de sarampo foram confirmados mundialmente.
“Perder o certificado seria um grande retrocesso. Estamos no caminho certo, mas precisamos redobrar nossos esforços, pois o sarampo não é a única doença a ser combatida. Ainda há coberturas vacinais aquém do desejado, como a da pólio”, destacou Levi.
Linha do tempo e contexto do sarampo no Brasil
Após o registro dos últimos casos de sarampo em 2015, o Brasil recebeu, em 2016, a certificação de eliminação do vírus. Nos anos de 2016 e 2017, não foram confirmados casos da doença. Em 2018, o aumento do fluxo migratório e as baixas coberturas vacinais facilitaram o retorno do vírus. Em 2019, com mais de 12 meses de circulação, o Brasil perdeu o status.
Entre 2018 e 2022, o ministério confirmou 9.329, 21.704, 8.035, 670 e 41 casos de sarampo, respectivamente. Em 2024, o Brasil registrou dois casos confirmados, ambos importados.
Sarampo
O Ministério da Saúde define o sarampo como uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente crianças e pode causar complicações graves, como diarreia intensa, cegueira, pneumonia e encefalite. “A maneira mais efetiva de evitar o sarampo é por meio da vacinação”, reforça a pasta.