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Após anúncio do governo de SP, Justiça diz que ainda não liberou recursos para câmeras corporais

Gestão Tarcísio disse que verba repassada reconhecia que o programa das novas câmeras, que deixarão de gravar as ações de forma ininterrupta, estavam de acordo com as regras do governo federal; ministério diz que ainda fará 'análise criteriosa'

Agência o Globo
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Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 19h08.

Última atualização em 6 de dezembro de 2024 às 19h08.

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O Ministério da Justiça publicou um comunicado que contraria uma informação divulgada pelo governo de São Paulo na noite de quinta-feira, 5. A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) enviou um texto para a imprensa em que dizia que obteve uma verba de R$ 27,8 milhões junto à pasta para comprar mais câmeras corporais para os agentes da Polícia Militar do estado.

O governo paulista afirmou que a liberação do dinheiro era um reconhecimento de que o novo programa estadual de câmeras, que deixam de gravar as ações dos agentes de forma ininterrupta, está alinhado "às diretrizes estabelecidas" pelo governo federal para os equipamentos.

O ministério, no entanto, publicou um comunicado dizendo que a verba ainda não foi confirmada. O dinheiro é parte de um edital de R$ 102 milhões que seleciona propostas dos estados para a aquisição de câmeras corporais. O GLOBO procurou o governo de São Paulo para comentar o caso. A gestão disse, em novo posicionamento, que "foi habilitada no edital e aguarda a conclusão do processo".

Nesta semana oito estados foram selecionados para receber os recursos, sendo eles São Paulo, Acre, Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Roraima, além do Distrito Federal. As propostas, no entanto, passarão por uma segunda fase de análise, que vai verificar se os equipamentos e as diretrizes adotadas por cada unidade federativa estão de acordo com as normas do Ministério da Justiça.

"Durante essa fase, critérios mais rigorosos e detalhados serão aplicados, exigindo o rigoroso alinhamento com as diretrizes do Governo Federal. Esse alinhamento busca garantir a padronização e a eficácia no uso das câmeras corporais, promovendo integração tecnológica e protocolos operacionais uniformes. As propostas que não atenderem aos requisitos serão desclassificadas", diz o comunicado do governo federal.

O edital foi publicado em 14 de novembro, as propostas foram habilitadas até a quinta-feira, 5, e a conclusão do processo seletivo está marcada para 15 de janeiro, data em que começam a ser liberados os recursos.

No posicionamento enviado para a reportagem nesta sexta, 6, a gestão Tarcísio voltou a defender que o programa do estado "cumpre a legislação vigente e está em linha com as diretrizes estabelecidas pela Portaria nº 648/2024 do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP)".

Prazo para explicar câmeras

O governo de São Paulo tem até esta sexta-feira, 6, para prestar esclarecimentos para o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o funcionamento das câmeras corporais que foram contratadas para agentes da Polícia Militar. O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, pediu que a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) fornecesse mais detalhes de como os 12 mil equipamentos anunciados vão operar e que testes foram feitos para comprovar a eficácia do equipamento.

Segundo a Procuradoria Geral do Estado, o prazo, desta vez, será cumprido. O primeiro pedido de Barroso surgiu em 21 de novembro, com envio das informações exigido até o dia 28. O governo pediu um prazo maior e Barroso autorizou a prorrogação até esta sexta.

A polêmica em torno do tema ocorre porque as novas câmeras corporais, ao contrário das 10.125 atualmente utilizadas, não gravam de forma ininterrupta a atividade policial, como os atuais. O equipamento deve ser acionado por ação do policial e vai substituir de forma gradativa as câmeras que são adotados até o momento pela Polícia Militar a partir de dezembro.

Especialistas ouvidos por O GLOBO apontam que a mudança, assim como uma série de outras ações do atual governo na segurança pública, vem junto com uma série de ações que colaboraram para o aumento da letalidade policial no estado paulista.

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