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Após 47 anos, MPF investiga morte de Marighella

Só agora, 47 anos depois, o Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação sobre a morte do guerrilheiro Carlos Marighella

Cena de Marighella: morto em 4 de novembro de 1969 (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2016 às 11h53.

São Paulo - Só agora, 47 anos depois, o Ministério Público Federal ( MPF ) abriu uma investigação sobre a morte do guerrilheiro Carlos Marighella, fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN), em 4 de novembro de 1969. Essa é ainda a primeira vez que a equipe de policiais do delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), que foi o símbolo da repressão na ditadura , será investigada por um crime político.

Fleury comandou a operação que matou Marighella. Ela foi realizada por 43 homens, entre civis e militares. A decisão de apurar é do procurador da República Andrey Borges de Mendonça, que já começou a tomar depoimentos de testemunhas.

"É sempre importante que a verdade seja descoberta", disse o procurador aposentado Hélio Bicudo, que denunciou Fleury pelos crimes comuns em ações do Esquadrão da Morte - bando de policiais que executava bandidos nos anos 1960 e 1970.

Uma das testemunhas ouvidas pelo procurador foi o jornalista do Estado José Maria Mayrink, o primeiro repórter a chegar ao local da emboscada que vitimou Marighella. Mayrink conhecia os dominicanos Yves do Amaral Lesbaupin, o Frei Ivo, e Fernando de Brito, que esperavam Marighella em um Fusca quando o Dops o encurralou. Eles haviam sido presos dias antes e obrigados a participar da cilada.

"Quem matou o Marighella foi o Tralli (o investigador José Carlos Tralli)", disse o investigador R.A., de 68 anos, um dos policiais que participaram da ação.

Para o jornalista Ivan Seixas, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, a investigação do MPF é importante para que se "saiba o que aconteceu". "É fundamental investigar essa história." Naquele dia, contou Seixas, quatro quarteirões estavam cercados por policiais. Marighella ia se encontrar com os frades. Ele não sabia que os dois haviam sido presos. Estava desarmado e sozinho. "Houve uma execução, e o Estado é responsável por ela", afirmou Seixas.

O MPF deve ouvir os depoimentos de Ivo e de Fernando. Também vai ouvir antigos militantes da ALN que foram torturados por Fleury em busca de informações que levassem até Marighella, como o economista Paulo de Tarso Venceslau, além de policiais e militares envolvidos.

"Vão ter de fazer muita diligência em cemitério e em mesa branca", disse o investigador R.A.. Dos delegados da operação, Raul Ferreira, o Raul Pudim, Tucunduva e Fleury já estão mortos. Também morreram investigadores como Tralli e José Campos Correa Filho, o Campão. Laudos e documentos do Dops também serão analisados.

A iniciativa dos procuradores da República se baseia no argumento de que, como esses delitos foram crimes contra a humanidade, eles são imprescritíveis e insuscetíveis de graça ou anistia. Quase duas dezenas de denúncias já foram feitas pelo MPF à Justiça Federal contra agentes da ditadura. Em todas, a Justiça decidiu que as ações não podem prosperar em razão da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que manteve a Lei de Anistia, de 1979.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - Só agora, 47 anos depois, o Ministério Público Federal ( MPF ) abriu uma investigação sobre a morte do guerrilheiro Carlos Marighella, fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN), em 4 de novembro de 1969. Essa é ainda a primeira vez que a equipe de policiais do delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), que foi o símbolo da repressão na ditadura , será investigada por um crime político.

Fleury comandou a operação que matou Marighella. Ela foi realizada por 43 homens, entre civis e militares. A decisão de apurar é do procurador da República Andrey Borges de Mendonça, que já começou a tomar depoimentos de testemunhas.

"É sempre importante que a verdade seja descoberta", disse o procurador aposentado Hélio Bicudo, que denunciou Fleury pelos crimes comuns em ações do Esquadrão da Morte - bando de policiais que executava bandidos nos anos 1960 e 1970.

Uma das testemunhas ouvidas pelo procurador foi o jornalista do Estado José Maria Mayrink, o primeiro repórter a chegar ao local da emboscada que vitimou Marighella. Mayrink conhecia os dominicanos Yves do Amaral Lesbaupin, o Frei Ivo, e Fernando de Brito, que esperavam Marighella em um Fusca quando o Dops o encurralou. Eles haviam sido presos dias antes e obrigados a participar da cilada.

"Quem matou o Marighella foi o Tralli (o investigador José Carlos Tralli)", disse o investigador R.A., de 68 anos, um dos policiais que participaram da ação.

Para o jornalista Ivan Seixas, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, a investigação do MPF é importante para que se "saiba o que aconteceu". "É fundamental investigar essa história." Naquele dia, contou Seixas, quatro quarteirões estavam cercados por policiais. Marighella ia se encontrar com os frades. Ele não sabia que os dois haviam sido presos. Estava desarmado e sozinho. "Houve uma execução, e o Estado é responsável por ela", afirmou Seixas.

O MPF deve ouvir os depoimentos de Ivo e de Fernando. Também vai ouvir antigos militantes da ALN que foram torturados por Fleury em busca de informações que levassem até Marighella, como o economista Paulo de Tarso Venceslau, além de policiais e militares envolvidos.

"Vão ter de fazer muita diligência em cemitério e em mesa branca", disse o investigador R.A.. Dos delegados da operação, Raul Ferreira, o Raul Pudim, Tucunduva e Fleury já estão mortos. Também morreram investigadores como Tralli e José Campos Correa Filho, o Campão. Laudos e documentos do Dops também serão analisados.

A iniciativa dos procuradores da República se baseia no argumento de que, como esses delitos foram crimes contra a humanidade, eles são imprescritíveis e insuscetíveis de graça ou anistia. Quase duas dezenas de denúncias já foram feitas pelo MPF à Justiça Federal contra agentes da ditadura. Em todas, a Justiça decidiu que as ações não podem prosperar em razão da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que manteve a Lei de Anistia, de 1979.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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