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Após 1 ano, famílias das vítimas do voo da Chape buscam Justiça

Autoridades da Colômbia, Bolívia e Brasil ainda estão tentando encaixar as últimas peças da tragédia aérea que acabou com a vida de 71 pessoas

Acidente da Chapecoense: Justiça boliviana concedeu ao Ministério Público mais seis meses para agilizar o caso (Joaquin Sarmiento/AFP)
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EFE

Publicado em 28 de novembro de 2017 às 06h47.

São Paulo - Faz um ano desde que o avião onde viajava a delegação da Chapecoense caiu na Colômbia, um ano que foi angustiante para os familiares das vítimas, com as investigações ainda sendo concluídas, enquanto a seguradora da LaMia ofereceu a eles um acordo econômico para evitar futuras queixas.

As autoridades da Colômbia, Bolívia e Brasil ainda estão tentando encaixar as últimas peças da tragédia aérea que acabou com a vida de 71 pessoas entre jogadores, comissão técnica, diretores e jornalistas, a fim de encontrar os possíveis responsáveis, difíceis de apontar, pois nem todos estão identificados.

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A Justiça boliviana concedeu ao Ministério Público mais seis meses para agilizar o caso, onde por enquanto foram presos o diretor da companhia aérea LaMia, Gustavo Vargas Gamboa; seu filho Gustavo Vargas Villegas; e o ex-supervisor de tráfego aéreo Joons Miguel Teodovich.

O Brasil abriu uma nova linha de investigação com Loredana Albacete e seu pai, o ex-senador venezuelano Ricardo Albacete, que seria um dos sócios da companhia ao lado de um "alto cargo" do governo boliviano, segundo revelaram à Agência Efe, as associações das vítimas com base em informações do MP.

A suspeita é que LaMia apenas operava a aeronave, mas que os verdadeiros proprietários sejam outros e não os bolivianos Rocha e Miguel Quiroga, piloto do avião que morreu no acidente.

"A maioria de nós está consciente de que levará alguns anos para que tenhamos realmente uma conclusão", disse à Efe, Fabienne Belle, que perdeu seu marido na fatídica noite do dia 28 de novembro de 2016 e agora é presidente da Associação de Parentes e Amigos das Vítimas do Voo do Chapecoense (Afav-c).

Mais do que questionável, a estratégia da seguradora BISA Seguros e Reasseguros, pois até o momento a imensa maioria das vítimas não recebeu nenhum tipo de dinheiro, seja em real, boliviano ou peso colombiano. Não receberam nada da apólice.

Os resseguradores determinaram a improcedência para os passageiros da cobertura do acidente, mas em troca contrataram um poderoso escritório de advocacia, Clyde & Co, para administrar um fundo de "assistência humanitária" com US$ 200 mil para cada família afetada.

No entanto, por trás da quantidade suculenta, há uma pequena questão, pois a família que aceitar o pagamento dos US$ 200 mil, perderá o direito de poder processar os eventuais responsáveis.

"O objetivo da seguradora é que a gente desista do nosso direito de processar, no futuro, após a conclusão das investigações, os envolvidos na tragédia", denuncia Fabienne.

"Eles dizem que é um fundo humanitário, mas a causa é tão humanitária que temos que renunciar nossos direitos", afirmou.

A seguradora disse em um relatório que as negociações continuam e que a Clyde & Co "está trabalhando arduamente para concluir os acordos com as famílias".

No entanto, a maioria não aceitou a proposta e muitos estão "em uma situação financeira muito difícil" depois de perder o chefe de família, segundo comentou à Efe, Gabriel Andrade, presidente da Associação Brasileira das Vítimas do Acidente com a Chapecoense (Abravic).

"Entrei em contato com várias famílias que já estão enfrentando dificuldades financeiras", disse Fabienne.

Marla Ivana, viúva do locutor Fernando Doesse e mãe de duas filhas de 29 e 22 anos, é uma das vítimas que rejeitou o fundo, apesar da "queda significativa" em seus rendimentos, embora destaque a ajuda do clube e também das associações, segundo disse à Efe.

A Chapecoense doa atualmente R$ 28,8 mil por mês, quantia repartida entre as famílias.

Mas, além dos números, a maior preocupação desta professora de Chapecó, cidade da Chapecoense, agora se concentra nas suas duas filhas, seus dois netos e seu sogro, que necessitou tratamento antidepressivo e desenvolveu Parkinson, após a perda do filho.

"Este mês de novembro é um pouco mais complicado, pois todos os dias é uma lembrança. Mas vamos levando...", expressa.

"Há casos de pessoas que não superaram, que estão em uma situação emocional e psicológica muito delicada. É uma tragédia que passa pela imprensa e a família vê seus entes queridos o tempo todo nos veículos de imprensa", lembrou Andrade.

Fabienne Belle reconhece que na última semana ficou mais "angustiada" do que o habitual, "muito triste" pois todas as lembranças do marido Luiz Cesar Martins, que era chamado de "Cesinha", e membro da comissão técnica da Chapecoense, vieram à tona.

"É uma dor que vivemos constante, que passamos os últimos 365 dias", confessa, com um nó na garganta.

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