Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, participa de ato de Bolsonaro no Rio de Janeiro (Wagner Meier/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 27 de maio de 2021 às 08h21.
Ao se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro, em São Gabriel da Cachoeira, no interior do Amazonas, nesta quinta-feira, o ministro da Defesa, Braga Netto, e o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, terão uma das mais espinhosas missões de suas carreiras: conseguir abrir um caminho para a encruzilhada em que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello colocou a Força.
No último domingo, ele subiu em um palanque com Bolsonaro no Rio, transgredindo a rígida legislação da caserna que proíbe militares da ativa de participar de atos políticos.
O gesto obriga o comandante a puni-lo, sob pena de prevaricação. A única solução para que haja uma saída menos traumática para o problema é Pazuello aceitar os apelos que lhe têm sido feitos, por inúmeros colegas de farda, e pedir a sua passagem para a reserva. Ele, no entanto, resiste à ideia.
Resolver a questão Pazuello é representativa de uma encruzilhada ainda maior que as Forças Armadas, e o Exército, em particular, têm lidado e terão de continuar a lidar até o fim do governo.
A impulsividade Bolsonaro, traduzida em palavras e em diversas ações que têm custado caro às Forças, que têm visto a sua imagem ser atingida, o que preocupa a todos.
Por isso, gostariam e consideram necessário que surgisse uma espécie de muro de contenção para ajudar os militares a ficarem mais protegidos dos arroubos do presidente.
Hoje, esse muro não existe e o desfecho do caso Pazuello servirá de paradigma também para a Marinha e a Aeronáutica, mesmo não estando diretamente envolvidas neste caso.
Daí a dificuldade de aproveitar este encontro na fronteira amazônica para se tentar construir um consenso que traga o mínimo de prejuízos ao Exército, assim como ao próprio presidente, que pode ser insuflado a achar que uma punição a Pazuello pode sugerir ameaça à sua autoridade.