Apesar de nível superior mais acessível, falta mão de obra qualificada
Análise foi publicada nesta terça-feira, (10), no estudo "Panorama geral da educação 2019", da OCDE
AFP
Publicado em 10 de setembro de 2019 às 11h19.
O Ensino Superior está se tornando mais acessível, graças em parte ao aumento dos orçamentos públicos, mas alguns setores ainda têm problemas para encontrar mão de obra qualificada - afirmou a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta terça-feira (10).
As políticas e instrumentos de financiamento ajudaram a melhorar o acesso ao Ensino Superior para um número maior de pessoas, disse a OCDE em seu relatório "Panorama geral da educação 2019".
"Em países com as taxas de ensino mais altas, pelo menos 70% dos estudantes recebem bolsas, ou empréstimos estudantis", exemplifica a OCDE.
Em 2016, os países da OCDE gastaram uma média de 3,5% de seu PIB no Ensino Fundamental, Médio e Técnico (isto é, concluem o ensino médio, como escolas preparatórias para o ensino superior). O orçamento público para esses níveis de educação aumentou 18% desde 2005.
Em termos de Ensino Superior, os gastos aumentaram 28% em média, mais do que o dobro da taxa de crescimento de matrículas (12%) entre 2005 e 2016 nos países da OCDE.
Desde 2010, contudo, o número de matrículas e o orçamento total aumentaram em um ritmo menos sustentado. Segundo dados de 2016, os gastos por estudante no Ensino Superior chegam a US$ 15.556, dos quais pelo menos um terço é destinado para pesquisa e desenvolvimento.
A proporção de graduados no Ensino Superior aumentou significativamente, passando de 35% entre 25-34 anos em 2008 para 44% em 2018. Foi o aumento no número de graduados que mais contribuiu para esse crescimento.
Em quase metade dos países da OCDE, mais de 40% dos jovens de 19 a 20 anos estão no Ensino Superior.
"Ainda há desafios pela frente", alerta a organização, que indica que "alguns setores ainda têm dificuldades em contratar mão de obra qualificada".
Assim, em 2017, apenas 14% dos egressos optaram pelo setor de engenharia, indústria e construção, e 4%, pelas tecnologias da informação e comunicação. Estes dois setores são, porém, os que mais oferecem oportunidades de emprego.
As mulheres continuam sub-representadas nesses setores. Em média, ocupam menos de 25% das novas matrículas nessas carreiras nos países da OCDE.
Sobre a França, a secretária-geral da OCDE, Angel Gurria, disse nesta terça que o país tem "inúmeras vantagens competitivas".
"Na França, 47% dos 25-34 anos têm um diploma superior, contra 32% na Alemanha, por exemplo", comparou Gurria, em uma entrevista coletiva.
Já entre os "desafios" mencionou "o tempo que os estudantes levam para concluir seus estudos de graduação" e o ainda baixo acesso dos jovens carentes ao Ensino Superior.