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Ao vivo: Propina era 1 dólar a dose, reafirma Dominguetti na CPI da Covid

No depoimento, Dominguetti declarou ter recebido o pedido de propina no dia 25 de janeiro por Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística em Saúde do ministério

Em pronunciamento, à CPI representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

Em pronunciamento, à CPI representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 1 de julho de 2021 às 11h22.

Última atualização em 1 de julho de 2021 às 12h15.

Luiz Paulo Dominguetti, o representante da Davati Medical Supply que denunciou cobrança de propina no Ministério da Saúde para vender vacinas à pasta, confirmou à CPI da Covid, nesta quinta-feira, 1º, que o ex-diretor de logística Roberto Ferreira Dias sugeriu que ele fizesse uma segunda proposta, incluindo o sobrepreço de US$ 1 por dose. 

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A primeira proposta, feita em 25 de fevereiro em um restaurante de Brasília, era de 400 milhões de doses, a US$ 3,50 cada. Na ocasião, Roberto Ferreira Dias falou que só negociaria se ele aumentasse o preço. "Ele sempre pôs o entrave no sentido que, se não majorasse a vacina, não teria aquisição do Ministério da Saúde”, contou Dominguetti.

Segundo o representante da Davati, participaram desse encontro Roberto Ferreira Dias, Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística do ministério, e um empresário que ele não sabe identificar, que fazia anotações. No depoimento, ele disse que o “coronel Blanco” o apresentou a Roberto Ferreira Dias.

“Eu não tinha interesse de evoluir no formato que estava se desenhando a proposta. Quando eles receberam a notícia de que não teria como fazer, esse processo se encerrou ali. Eles até me convidaram para seguir a noite com eles. Inventei uma desculpa de outro compromisso”, contou.

Três diretores da pasta souberam da proposta, segundo Dominguetti: além de Roberto Ferreira Dias, foram informados o ex-secretário-executivo Elcio Franco e Laurício Monteiro Cruz, que seria representante da Vigilância Sanitária. Elcio, no entanto, soube depois do encontro no restaurante, em uma das três vezes em que o representante esteve no ministério.  

“Quando estivemos com o coronel Elcio Franco, o que nos espantou era que se tratava de uma proposta de 400 milhões de doses e o senhor coronel não tinha conhecimento dessa proposta protocolada pelo senhor Roberto Dias. Ele disse que Roberto Dias não tinha o informado”, afirmou Dominguetti.

A reação de Elcio, ao saber, teria sido de abaixar a cabeça e sair. "Pediu para que dois estagiários pegassem nossos contatos, que ele ia validar nossa proposta", contou o representante da Davati, que afirmou que a proposta de propina partiu apenas de Roberto Ferreira Dias. E, segundo ele, logo foi recusada.

Perguntado sobre como a empresa teria acesso às 400 milhões de doses, Dominguetti afirmou que o dono da Davati “tinha acesso a locadores no mercado, que eram os proprietários da vacina”. Segundo ele, o representante oficial da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho, teria dado aval para as negociações com o ministério.

Dominguetti atuou nas tratativas como autônomo, para complementar a renda. Ele é cabo da Polícia Militar de Minas Gerais.

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