Ao lado de Galípolo, Lula diz que não haverá interferência do governo no Banco Central
Lula disse também que o governo seguirá atento a necessidade de novas medidas fiscais
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 20 de dezembro de 2024 às 15h37.
Última atualização em 20 de dezembro de 2024 às 16h00.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira, 20, que não haverá qualquer interferência do governo federal no trabalho do próximo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
"Jamais haverá da parte da presidência interferência no trabalho que você terá que fazer no Banco Central.Que você seja um espelho para que esse Brasil possa ver que nós estamos consertando o país", disse Lula ao se dirigir ao Galípolo em vídeo publicado nas redes sociais do presidente. Os ministros Fernando Haddad, Simone Tebet e Rui Costa também participaram do pronunciamento.
O presidente afirmou ainda que Galípolo assumirá o BC por uma "relação de confiança" de toda a equipe do governo" e que o futuro presidente da autoridade monetária vai dar uma "lição de como governa o Banco Central com a verdadeira autonomia".
"Você será certamente será o mais importante presidente do Banco Central que esse país já teve porque você vai ser o presidente com mais autonomia que o Banco Central já teve", disse.
Galípolo é diretor de Política Monetária desde 2023. Antes de assumir o posto foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Próximo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o economista conquistou a confiança de Lula e tem se construído uma relação política próxima de parlamentares de diversos partidos.
Atento a novas medidas fiscais
O petista disse também que segue "mais convicto que nunca" que a estabilidade econômica e o combate à inflação são as coisas mais importantes para proteger o salário e o poder de compra das famílias brasileiras.
"Tomamos as medidas necessárias para proteger a nova regra fiscal e seguiremos atentos à necessidade de novas medidas", afirmou.
Nesta sexta-feira, o Congresso concluiu a votação do pacote de corte de gastos, desidratado por mudanças realizadas pelos parlamentares. A previsão inicial da equipe econômica era de economizar R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026. Haddad disse que as mudanças diminuíram em apenas R$ 1 bilhão a economia.
Uma das mudanças que terá impacto na potencial do pacote fiscal foi a derrubada do trecho que alterava a regra de correção dos repasses para o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF). O governo propôs ao Congresso que o fundo fosse reajustado apenas pela variação da inflação, e não pela receita corrente líquida da União. O trecho, contudo, foi retirado da Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
A equipe econômica estimava que economizaria R$ 2,3 bilhões em dois anos só com essa medida, rejeitada pelos parlamentares.