Brasil

Anvisa autoriza retomada de testes com a Coronavac

Em comunicado, agência afirmou que suspensão ocorreu por falta de informações relevantes sobre o "evento adverso grave" reportado pelo estudo

 (Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)

(Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 11 de novembro de 2020 às 11h43.

Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 12h30.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a retomada dos estudos clínicos com a vacina chinesa Coronavac. Os teste foram suspensos na segunda (9) após a ocorrência de um "efeito adverso grave" - que, segundo o governo do Estado de São Paulo, foi uma morte sem relação com a vacina. Até o momento, pouco mais de 10.000 voluntários já receberam a vacina em sete estados brasileiros. O total de testados será de 13.000 pessoas.

Em comunicado divulgado à imprensa nesta nesta quarta-feira (11), a agência reguladora reforçou que a suspensão do estudo levou em conta critérios técnicos e que, até data da suspensão, não tinha conhecimento de informações que só foram encaminhadas na terça-feira (10) pelo patrocinado do estudo.

Entre essas informações, estão a causa do "evento adverso grave" (também chamado de EAG), um parecer do Comitê Independente de Monitoramento de Segurança e o boletim de ocorrência relacionado à provável motivação do evento, que está em investigação pela Polícial Civil paulista.

Após avaliar os novos dados apresentados pelo patrocinador depois da suspensão do estudo, a ANVISA entende que tem subsídios suficientes para permitir a retomada da vacinação e segue acompanhando a investigação do desfecho do caso para que seja definida a possível relação de causalidade entre o EAG inesperado e a vacina. Importante esclarecer que uma suspensão não significa necessariamente que o produto sob investigação não tenha qualidade, segurança ou eficácia. A suspensão e retomada de estudos clínicos são eventos comuns em pesquisa clínica e todos os estudos destinados a registro de medicamentos que estão autorizados no país são avaliados previamente pela ANVISA com o objetivo de preservar a segurança para os voluntários do estudo.

Trecho do comunicado da Anvisa à imprensa

"Em respeito à privacidade e integridade dos voluntários de pesquisa, a ANVISA não está divulgando a natureza do EAG", informou a Anvisa no comunicado. Anteriormente, os responsáveis pelo estudo também informaram que não poderiam divulgar do que se tratava o "evento adverso grave" - que pode incluir óbito, efeito adverso potencialmente fatal, reações que exigem internação hospitalar, suspeita de transmissão de agente infeccioso por aparelho médico, entre outros motivos - por questões de privacidade.

Na noite desta terça-feira (10), a Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), do Conselho Nacional de Saúde (CNS), defendeu a manutenção dos testes da vacina contra a covid-19, desenvolvida em uma parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac. O imbróglio chegou, inclusive, ao STF, onde o ministro Ricardo Lewandovski determinou que a Anvisa desse explicações sobre a decisão de suspender o estudo em até 48h.

Testes

Na mês passado, o Butantan revelou dados preliminares da fase de testes da vacina contra a covid-19. Menos de 35% dos voluntários tiveram algum tipo de efeito colateral, e a maior parte foi apenas de uma dor no local da aplicação. Apesar de não apresentar efeitos colaterais significativos, ainda não há como afirmar se ela é eficaz para combater a covid-19.

O prazo colocado como ideal pelo governo de São Paulo para a conclusão da última fase de testes era no dia 16 de outubro, mas faltaram mais dados e a aplicação da vacina em mais voluntários. Em uma segunda etapa, em novembro, serão feitos testes em grupos específicos, como idosos, crianças e mulheres grávidas.

Acompanhe tudo sobre:Anvisavacina contra coronavírusVacinas

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP