O leilão do trem-bala brasileiro já foi adiado suas vezes
Da Redação
Publicado em 18 de abril de 2011 às 15h22.
São Paulo – O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, afirmou hoje (18) que a concorrência pública para construção da primeira linha brasileira para trem de alta velocidade (TAV), conhecido como trem-bala, pode passar por novos ajustes. O leilão que decidirá a empresa que vai assumir o projeto, marcado para julho após dois adiamentos, está mantido.
“Ajuste de edital, [com o objetivo de] criar uma condição melhor para que mais empresas possam participar, por exemplo, pode ser feito”, afirmou Figueiredo, após participar de um seminário na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “Esses ajustes não implicam adiamento.”
Segundo Figueiredo, o leilão foi adiado pela segunda vez para que as empresas interessadas pudessem se associar para participar do leilão. Outro motivo para o adiamento foi o atraso na aprovação, pelo Congresso Nacional, do empréstimo de R$ 20 bilhões para a empresa vencedora do leilão. Esse empréstimo será concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Com esses problemas resolvidos, o diretor-geral da agência reguladora espera que três consórcios de empresas se candidatem para construir e operar o TAV. Esses grupos devem, de acordo com a expectativa de Figueiredo, ser formados por uma construtora brasileira e uma empresa de tecnologia de transporte estrangeira. Ele afirmou, contudo, que, mesmo que só um grupo se candidate, o leilão será feito. Mas Figueiredo informou que cinco grupos estrangeiros já demonstraram interesse em participar do projeto do TAV. Isso, segundo ele, demonstra que o projeto é viável e rentável. "Deve gerar um retorno [para o capital investido] de 10,5% ao ano", resumiu.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, concorda com Figueiredo e disse que vai se reunir com investidores interessados no TAV para verificar se há pontos específicos que comprometem a participação no leilão. Para ele, o modelo que o Brasil escolheu para construir o primeiro trem-bala é viável e a obra é necessária para o país.
“Eu pretendo, esta semana, sentar com os possíveis investidores e entender o que está faltando”, disse Skaf. “Vamos tentar aparar as arestas para que tenhamos o trem como realidade.”
O TAV está orçado em R$ 33 bilhões. O governo federal se comprometeu a investir diretamente no projeto 10% desse valor por meio de uma nova empresa estatal. R$ 20 bilhões serão investidos por meio de empréstimos. Como esses empréstimos terão juros subsidiados, eles devem custar ao contribuinte cerca de R$ 5 bilhões.
A construção do trem-bala deve começar no segundo semestre de 2012 e a entrada em operação está prevista para 2018. A ANTT espera, porém, que alguns trechos da linha que ligará Campinas ao Rio de Janeiro, passando por São Paulo, estejam operando nas Olimpíadas de 2016. Quando estiver em pleno funcionamento, o TAV deve transportar cerca de 100 milhões de passageiros por ano. A viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro poderá ser feita em menos de duas horas e custará, no máximo, R$ 200.