Amapá enfrenta onda de protestos, com falhas no rodízio de energia
Uma base da PM chegou a ser depredada. Manifestantes pedem regularização no fornecimento de eletricidade, afetado pelo apagão que já dura nove dias
Agência O Globo
Publicado em 11 de novembro de 2020 às 12h47.
Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 19h46.
Amapá registrou a quinta noite seguida de protestos contra o apagão de energia. Manifestantes pedem a regularidade do fornecimento de eletricidade, que está sendo atendido com falhas em
sistema de rodízio.
O governo federal prevê que a distribuição volte a 100% até a próxima segunda-feira, quase duas semanas depois do incêndio na subestação que deixou 13 das 16 cidades do estado às escuras. Mas o prazo determinado pela Justiça obriga uma solução até esta quinta-feira.
Segundo balanço da Polícia Militar, entre sexta-feira, dia 6, e a madrugada de terça-feira, dia 10, foram mais de 50 atos contra as falhas no fornecimento de energia. Um dos protestos de terça-feira bloqueou por cerca de oito horas a BR-210, na Zona Norte de Macapá.
Pneus e madeira queimados
De acordo com o G1, centenas de moradores se reuniram em frente ao conjunto habitacional Macapaba, que tem quatro mil moradias populares. Para chamar atenção, o grupo queimou pneus e pedaços de madeira.
Crianças e idosos participavam do ato, segundo a PM, que declarou que teve dificuldades em conter os manifestantes. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também atuou para controlar a situação no local.
Além de protestos, atos de vandalismo também foram registrados. Um deles foi a depredação de uma Unidade de Policiamento Comunitária (UPC) do conjunto Macapaba. É um prédio da PM que ainda não havia sido ativado. Vidros foram quebrados, e botijões, geladeira e extintores furtados.
Além da falta de energia, a população do conjunto cobra outros problemas no Macapaba, como a melhoria no fornecimento de água tratada e segurança pública.
Segundo o site G1, outros atos reivindicando a normalização do serviço de energia aconteceram em outros pontos da cidade, como no bairro Buritizal, na Zona Sul. No local os moradores também queimaram pedaços de madeira e outros itens para chamar atenção.
Na segunda-feira, outro protesto bloqueou a Rodovia Duca Serra, na Zona Oeste, que liga Macapá a Santana. A PM tem registrado atitudes violentas durante os protestos de insatisfação. Na terça-feira, uma viatura do Corpo de Bombeiros foi atacada com pedras e teve o vidro frontal danificado na Zona Norte.
Indenização aos moradores
Órgãos de defesa do consumidor defendem que os moradores do Amapá devem ser indenizados por estarem sem o abastecimento regular de energia em 13 dos 16 municípios do estado, desde o dia 3 deste mês.
Na avaliação do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a compensação aos amapaenses deve ser feita não só pela falta de energia, mas a consequente falta de água e de acesso a produtos básicos no coméricio.
O Idec notificou a Agência Nacional de Energia Elétrica ( Aneel) e a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), distribuidora de energia que atua no Estado, para que informem quais devem ser os procedimentos que os cidadãos devem cumprir para receber as indenizações.
Na terça-feira, a Aneel anunciou a abertura de uma investigação para apurar as causas do apagão no Amapá. Uma das questões a serem respondidas, segundo o presidente do órgão regulador, é se o problema foi causado por falha na manutenção ou de operação na subestação que pegou fogo, causando o corte no fornecimento de enegia.
Ao anunciar a investigação, Pepitone acrescentou que a concessionária responsável pela operação da subestação, a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), será notificada para prestar os esclarecimentos necessários à investigação.
A suspensão de fornecimento de energia do Amapá foi causada por um incêndio na única subestação do estado.