Brasil

Alvo de protesto na Paraíba, Temer diz torcer por "enchentezinha"

Temer atribuiu a paternidade da obra de transposição do São Francisco ao povo, em uma provocação aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff

Michel Temer: "Eu espero que, ao final deste mais um ano e oito meses de governo, eu possa vir aqui e dizer que toda a Paraíba está irrigada, inundada de água, quem sabe até uma ou outra 'enchentezinha'" (Beto Barata/PR/Agência Brasil)

Michel Temer: "Eu espero que, ao final deste mais um ano e oito meses de governo, eu possa vir aqui e dizer que toda a Paraíba está irrigada, inundada de água, quem sabe até uma ou outra 'enchentezinha'" (Beto Barata/PR/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de março de 2017 às 19h16.

Brasília, São Paulo e Monteiro - Alvo de protestos durante cerimônia de inauguração de obras de transposição do Rio São Francisco, na Paraíba, o presidente Michel Temer, no início do seu discurso, em Monteiro (PB), mandou um recado aos manifestantes.

"Eles são a revelação mais clara da democracia que nós estamos vivendo", defendeu-se.

Depois, ironizou: "Temos que aplaudir a eles. Como estão no sol, certa e seguramente, eles vão se banhar com as águas do Rio São Francisco".

Do lado de fora da cerimônia, houve protestos contra o presidente, com manifestantes gritando "Fora, Temer". No evento, o volume do som foi aumentado e abafou o som das manifestações.

"Se de um lado nós trazemos uma grande obra aqui para a Paraíba, de outro lado, se faz o protesto, democracia é assim", disse Temer.

Em outro momento do seu discurso, quando comentava os benefícios da obra, Temer chegou a afirmar que esperava ver uma "enchentezinha" no Estado.

"Eu espero que, ao final deste mais um ano e oito meses de governo, eu possa vir aqui e dizer que toda a Paraíba está irrigada, inundada de água, quem sabe até uma ou outra 'enchentezinha'. É exatamente isso o que eu espero", declarou.

Assim como fez em Campina Grande, também na Paraíba, por onde passou pela manhã, Temer atribuiu a paternidade da obra ao povo, em uma provocação aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que publicaram notas ao longo da semana reivindicando o mérito pela transposição do rio São Francisco.

"Esta é uma obra pensada desde o tempo do império e executada nos últimos governos. É por isso que ambos Lula e Dilma, com a delicadeza e civilidade que devem presidir as relações políticas, disseram que quem terminou a obra foi o Temer, mas que isto passou por vários governos, que merecem o aplauso de todos", disse o presidente.

Ontem, em sua página no Facebook, Lula ressaltou que a obra começou na sua gestão.

Ele escreveu que muitos diziam que a transposição era algo impossível, "até que Lula foi lá e fez", destacando que os trabalhos começaram em 2007, quando ele estava no primeiro ano do seu segundo mandato.

Dilma, também ontem, em seu site, apresentou números para destacar que a maior parte dos investimentos foi feito no período petista.

"Os governos Lula e Dilma empenharam 92,40% e pagaram 87,50% da execução do projeto de integração do São Francisco, antes do golpe de 2016", diz a nota.

Ela já havia dito, na terça-feira, que 86,3% das obras estavam concluídas até abril do ano passado, um mês antes de Dilma ser afastada da Presidência.

Na abertura da cerimônia em Monteiro, a prefeita da cidade, Anna Lorena Leite (PSDB), afirmou que a obra é "fruto do trabalho de vários líderes, que se empenharam para tornar realidade" a transposição das águas do rio São Francisco. "Essa obra é a redenção do nosso povo", concluiu.

Ao ser mencionado pelo senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) como um entre os "vários responsáveis" pela obra, o nome do ex-presidente Lula foi aplaudido pelos presentes.

Cunha Lima também relembrou o atraso da obra na gestão de Dilma. A conclusão da obra foi atribuída pelo senador ao governo Temer.

"Muitos contribuíram para ela (obra), mas é o presidente Michel Temer e sua bancada que nos permitiu viver este momento."

No fim do seu discurso em Monteiro, Temer disse que seu governo tem "causado os melhores efeitos, sem nenhuma desvantagem em relação a governos anteriores", admitindo que sua gestão é marcada por "sacrifícios", em referência às reformas econômicas.

"Eu sempre me recordo de uma frase que se atribui a d. Hélder Câmara: eu sou como a cana na moenda. Por mais que eu seja espremido, eu só consigo dar doçura, eu só consigo dar doçura, só doçura, minha gente".

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