Alunos de cotas entrariam sem elas em 11% dos cursos
Número vale para estudantes de escolas públicas que entraram sem distinção de raça e renda no Sisu. Mas distância aumenta em outros tipos de cotas, mostra levantamento do G1
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2014 às 10h43.
São Paulo – Alunos da rede pública que conquistaram por meio de cotas alguma das vagas nas instituições federais de ensino superior no último Sistema de Seleção Unificada ( Sisu ), em janeiro, tiveram nota de corte maior que a da concorrência geral em 11% dos cursos. Isso significa que eles entrariam mesmo que não fizessem parte do sistema de política afirmativa.
Isso ocorreria, portanto, em 372 dos 3.384 cursos com vagas ofertadas nestas condições.
O levantamento, feito pelo site G1 com dados do Ministério da Educação, vale apenas para a categoria de cotas que não considera raça e renda (há quatro tipos de seleção por cotas; veja mais adiante).
Nos cursos restantes - ou seja, aqueles em que a nota do grupo cotista é menor - a diferença existente é inferior a 40 pontos em 82% deles, o que foi considerado pequenopor especialistas consultados pelo site.
Não é possível saber, no entanto, qual a porcentagem desses cotistas no universo total de quem entra por meio das políticas afirmativas.
Os outros tipos de cotas
A distância de desempenho no último Sisu aumenta nas seleções que levam em conta raça e renda do candidato.
Explica-se: a lei sancionada em agosto de 2012 estabelece que metade do total de vagas do ensino superior federal são reservadaspara quem fez todo o ensino médio em escolas públicas.
Mas existem critérios adicionais: metade dessas vagas vão para quem tem renda familiar abaixo de 1,5 salário mínimo por pessoa; a outra metade, para quem tem renda superior a isso.
Dentro de cada um desses grupos, uma proporção é reservada para quem se declara negro, pardo ou indígena. Esse cálculo obedece à representatividade dessa população em cada estado.
Apenas se sobrar vagas é que elas vão para a seleção geral, isto é, para quem só tem que comprovar que estudou na rede pública. Foi esse o grupo analisado na abertura desta matéria.
Já quando se olha para os estudantes que entraram tanto pelo critério de raça quanto renda , em apenas 11 dos 3.966 cursos os alunos seriam bem sucedidos mesmo sem as cotas (0,3% do total).
E a distância entre as notas de cotistas e da ampla concorrência só fica abaixo de 40 pontos em 43% dos cursos.
Outro fato que comprova a grande diferença entre os dois sistemas, cotas e concorrência geral, é que estudantes cotistas costumam se concentrar em cursos com menores notas de corte, mostra o G1.
Isso indica que o problema tem uma dimensão ainda maior.
Em medicina e direito, por exemplo, são raríssimos os cursos no Brasil onde a diferença da nota de cotistas e não cotistas fique abaixo de 40 pontos.
São Paulo – Alunos da rede pública que conquistaram por meio de cotas alguma das vagas nas instituições federais de ensino superior no último Sistema de Seleção Unificada ( Sisu ), em janeiro, tiveram nota de corte maior que a da concorrência geral em 11% dos cursos. Isso significa que eles entrariam mesmo que não fizessem parte do sistema de política afirmativa.
Isso ocorreria, portanto, em 372 dos 3.384 cursos com vagas ofertadas nestas condições.
O levantamento, feito pelo site G1 com dados do Ministério da Educação, vale apenas para a categoria de cotas que não considera raça e renda (há quatro tipos de seleção por cotas; veja mais adiante).
Nos cursos restantes - ou seja, aqueles em que a nota do grupo cotista é menor - a diferença existente é inferior a 40 pontos em 82% deles, o que foi considerado pequenopor especialistas consultados pelo site.
Não é possível saber, no entanto, qual a porcentagem desses cotistas no universo total de quem entra por meio das políticas afirmativas.
Os outros tipos de cotas
A distância de desempenho no último Sisu aumenta nas seleções que levam em conta raça e renda do candidato.
Explica-se: a lei sancionada em agosto de 2012 estabelece que metade do total de vagas do ensino superior federal são reservadaspara quem fez todo o ensino médio em escolas públicas.
Mas existem critérios adicionais: metade dessas vagas vão para quem tem renda familiar abaixo de 1,5 salário mínimo por pessoa; a outra metade, para quem tem renda superior a isso.
Dentro de cada um desses grupos, uma proporção é reservada para quem se declara negro, pardo ou indígena. Esse cálculo obedece à representatividade dessa população em cada estado.
Apenas se sobrar vagas é que elas vão para a seleção geral, isto é, para quem só tem que comprovar que estudou na rede pública. Foi esse o grupo analisado na abertura desta matéria.
Já quando se olha para os estudantes que entraram tanto pelo critério de raça quanto renda , em apenas 11 dos 3.966 cursos os alunos seriam bem sucedidos mesmo sem as cotas (0,3% do total).
E a distância entre as notas de cotistas e da ampla concorrência só fica abaixo de 40 pontos em 43% dos cursos.
Outro fato que comprova a grande diferença entre os dois sistemas, cotas e concorrência geral, é que estudantes cotistas costumam se concentrar em cursos com menores notas de corte, mostra o G1.
Isso indica que o problema tem uma dimensão ainda maior.
Em medicina e direito, por exemplo, são raríssimos os cursos no Brasil onde a diferença da nota de cotistas e não cotistas fique abaixo de 40 pontos.