Brasil

Alunos de cotas entrariam sem elas em 11% dos cursos

Número vale para estudantes de escolas públicas que entraram sem distinção de raça e renda no Sisu. Mas distância aumenta em outros tipos de cotas, mostra levantamento do G1


	Alunos em universidade no RJ: distância entre estudantes que entram pelas cotas ou a concorrência geral pode ser grande ou pequena, dependendo do tipo de cota
 (Andre Vieira/Bloomberg News)

Alunos em universidade no RJ: distância entre estudantes que entram pelas cotas ou a concorrência geral pode ser grande ou pequena, dependendo do tipo de cota (Andre Vieira/Bloomberg News)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de março de 2014 às 10h43.

São Paulo – Alunos da rede pública que conquistaram por meio de cotas alguma das vagas nas instituições federais de ensino superior no último Sistema de Seleção Unificada (Sisu), em janeiro, tiveram nota de corte maior que a da concorrência geral em 11% dos cursos. Isso significa que eles entrariam mesmo que não fizessem parte do sistema de política afirmativa.

Isso ocorreria, portanto, em 372 dos 3.384 cursos com vagas ofertadas nestas condições.

O levantamento, feito pelo site G1 com dados do Ministério da Educação, vale apenas para a categoria de cotas que não considera raça e renda (há quatro tipos de seleção por cotas; veja mais adiante).

Nos cursos restantes - ou seja, aqueles em que a nota do grupo cotista é menor - a diferença existente é inferior a 40 pontos em 82% deles, o que foi considerado pequeno por especialistas consultados pelo site. 

Não é possível saber, no entanto, qual a porcentagem desses cotistas no universo total de quem entra por meio das políticas afirmativas.

Os outros tipos de cotas
A distância de desempenho no último Sisu aumenta nas seleções que levam em conta raça e renda do candidato.

Explica-se: a lei sancionada em agosto de 2012 estabelece que metade do total de vagas do ensino superior federal são reservadas para quem fez todo o ensino médio em escolas públicas.

Mas existem critérios adicionais: metade dessas vagas vão para quem tem renda familiar abaixo de 1,5 salário mínimo por pessoa; a outra metade, para quem tem renda superior a isso.

Dentro de cada um desses grupos, uma proporção é reservada para quem se declara negro, pardo ou indígena. Esse cálculo obedece à representatividade dessa população em cada estado. 

Apenas se sobrar vagas é que elas vão para a seleção geral, isto é, para quem só tem que comprovar que estudou na rede pública. Foi esse o grupo analisado na abertura desta matéria.

Já quando se olha para os estudantes que entraram tanto pelo critério de raça quanto renda, em apenas 11 dos 3.966 cursos os alunos seriam bem sucedidos mesmo sem as cotas (0,3% do total).

E a distância entre as notas de cotistas e da ampla concorrência só fica abaixo de 40 pontos em 43% dos cursos.

Outro fato que comprova a grande diferença entre os dois sistemas, cotas e concorrência geral, é que estudantes cotistas costumam se concentrar em cursos com menores notas de corte, mostra o G1.

Isso indica que o problema tem uma dimensão ainda maior.

Em medicina e direito, por exemplo, são raríssimos os cursos no Brasil onde a diferença da nota de cotistas e não cotistas fique abaixo de 40 pontos. 

Acompanhe tudo sobre:CotasEducaçãoEducação no BrasilEnsino públicoEnsino superiorMEC – Ministério da EducaçãoSisu

Mais de Brasil

Lula recebe Tony Blair, ex-primeiro-ministro britânico, nesta segunda-feira, no Palácio do Planalto

Itamaraty vive expectativa por novo fôlego dos democratas após desistência de Biden

Semana começa com previsão de chuva para oito capitais, segundo o Inmet; saiba quais

Novo oficializa candidatura de Marina Helena à prefeitura de SP com coronel da PM como vice

Mais na Exame