Aloysio Nunes pede demissão do governo de SP após operação da PF
O ex-ministro de Temer teria recebido um cartão de crédito vinculado a uma das contas da off shore, controlada por Paulo Preto
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 18h43.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2019 às 19h23.
O presidente da Investe SP, Aloysio Nunes , pediu demissão do cargo nesta terça-feira (19) após reunião com o governador João Doria (PSDB). A decisão foi tomada após Aloysio ter sido alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal, na 60ª fase da Operação Lava Jato.
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira a Operação Ad Infinitum, fase 60 da Lava Jato, e cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Aloysio, entre eles o apartamento onde mora ex-chanceler, em Higienópolis.
Segundo investigação da força-tarefa da Lava, Aloysio teria recebido um cartão de crédito em dezembro de 2007 vinculado a uma das contas da empresa off shore Groupe Nantes, controlada pelo ex-diretor da Dersa e suposto operador do PSDB, Paulo Vieira de Souza.
À época, Aloysio era secretário da Casa Civil do governo de José Serra (PSDB) em São Paulo e teria indicado Vieira de Souza para ocupar o cargo de diretor de engenharia da Dersa, estatal paulista responsável por obras viárias, como o Rodoanel.
Documentos fornecidos pelo Ministério Público da Suíça mostram que o cartão foi enviado para Aloysio no Hotel Majestic, em Barcelona, na Espanha, onde ele ficaria hospedado entre os dias 24 e 29 de dezembro de 2007.
Mais cedo, Aloysio disse que ainda "não teve acesso às informações" da Operação Ad Infinitum. Segundo ele, o delegado da Polícia Federal que conduziu as buscas em sua residência nesta terça, 19, "foi muito cortês", mas não revelou a ele os motivos da diligência. "O inquérito está em segredo, eu estou buscando saber o que há."
Aloysio negou ter recebido cartão de crédito da conta do operador do PSDB Paulo Vieira de Souza, preso na Ad Infinitum.
Aloysio é o segundo nome do primeiro escalão do governo Doria a se afastar após ser alvo de operação da Lava Jato. Em dezembro, o ex-ministro Gilberto Kassab sofreu buscas e apreensão da Polícia Federal em sua residência no inquérito que investiga o suposto recebimento de R$ 23 milhões de propina da JBS.