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Almirante recebeu propina desde edital de Angra 3, diz MPF

O almirante Othon Luiz Pereira da Silva foi preso temporariamente nesta terça-feira, 28, na 16ª fase da Lava Jato


	Os procuradores suspeitam que Othon da Silva recebeu R$ 30 milhões em propinas
 (Agência Câmara)

Os procuradores suspeitam que Othon da Silva recebeu R$ 30 milhões em propinas (Agência Câmara)

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Da Redação

Publicado em 28 de julho de 2015 às 21h12.

São Paulo - A força-tarefa da Operação Lava Jato identificou que a empresa Aratec Engenharia Consultoria e Representações, do presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pereira da Silva, recebeu depósitos das empreiteiras que compõem o Consórcio Angramon, montador da Usina Angra 3, desde às vésperas da publicação do edital de pré-qualificação até meados de 2015.

O almirante Othon Luiz Pereira da Silva e o presidente da Unidade Negócios Energia da Andrade Gutierrez, Flavio David Barra, foram presos temporariamente nesta terça-feira, 28, na 16ª fase da Lava Jato, batizada de Radioatividade.

"Trata-se de esquema criminoso atual, o que se corrobora em virtude de os contratos celebrados pelo consórcio Angramon e a Eletronuclear para construção de Angra 3 estarem na fase inicial de execução, e, portanto, as propinas prometidas pelas empreiteiras e solicitadas pelo agente público devem estar sendo hodiernamente a este repassadas", afirmam os procuradores da força-tarefa em documento anexado aos autos da investigação.

Os procuradores suspeitam que Othon Luiz recebeu R$ 30 milhões em propinas, valor equivalente a 1% dos contratos da estatal com as empresas consorciadas.

Chamou atenção dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato o fato de que, em 25 de fevereiro de 2015, após a divulgação de notícias envolvendo empreiteiros denunciados pela Lava Jato com contratos em Angra 3, o almirante tenha se retirado formalmente do contrato social da Aratec. A empresa atualmente possui como administradora a filha de Othon Luiz.

"Mas os indícios dão conta que o real controlador da Aratec é o representado Othon Luiz que se retirou formalmente da sociedade apenas para preservar sua imagem", sustentam os procuradores.

"Há consistentes indícios de que Othon Luiz tenha efetivamente se valido da empresa Aratec para receber os valores de propina anteriormente combinados - sem prejuízo da posterior identificação de outros meios de pagamento."

O ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini revelou, em delação premiada, que às vésperas das assinaturas dos contratos entre o Consórcio e a Eletronuclear foi realizada uma reunião, na sede da UTC Engenharia - apontada como líder do cartel de empreiteiras -, em que foi discutida a sistemática de pagamento de propinas de Angra 3, em agosto de 2014. A convocação do encontro foi dirigida a "alta administração" das empresas envolvidas.

"O ajuste entre as empreiteiras para o pagamento das propinas ocorreu em reunião na sede da UTC, em 26 de agosto de 2014, da qual participaram, segundo Dalton Avancini, os executivos Flávio David Barra (Andrade Gutierrez), Ricardo Ouriques Marques (Techint), Ricardo Ribeiro Pessoa (UTC), Fabio Gandolfo(Odebrecht), Petrônio Braz Júnior (Queiroz Galvão) e Renato Ribeiro Abreu (EBE), a quais, em sua maioria, viriam a assinar pelas respectivas empresas os contratos com a Eletronuclear para construção da usina de Angra 3?", apontam os procuradores.

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