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AGU irá investigar fake news envolvendo exploração sexual infantil na Ilha de Marajó

"Os marajoaras merecem respeito e um tratamento digno de todo o Poder Público. O Governo Federal está empenhado em apurar denúncias sérias para desarticular redes de tráfico humano e exploração sexual e infantil em todo o território nacional", disse Jorge Messias, da AGU

Ilha do Marajó (ICMBio/Divulgação)

Ilha do Marajó (ICMBio/Divulgação)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 25 de fevereiro de 2024 às 13h28.

Chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias anunciou neste sábado (24) que acionou a Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD) para atuar na identificação de "redes de desinformação, que criam desordem informacional sobre a Ilha de Marajó".

Na última semana, a exploração infantil na região viralizou nas redes sociais após a apresentação de Aymeê Rocha no programa "Dom reality", quando cantou a sua música "Evangelho de fariseus", ser compartilhada por famosos como Virgínia Fonseca, Juliette e Rafa Kalimann, e políticos como Nikolas Ferreira e Damares Alves.

"Os marajoaras merecem respeito e um tratamento digno de todo o Poder Público. O Governo Federal está empenhado em apurar denúncias sérias para desarticular redes de tráfico humano e exploração sexual e infantil em todo o território nacional", continou Messias em publicação no X (antigo Twitter). "Protejamos as nossas crianças sem a propulsão de notícias falsas."

Na sexta (23), o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, já havia anunciado que iria acionar a AGU no caso.

"Solicitei à AGU que avalie a tomada de providências legais diante de mais uma tentativa de vincular Marajó ao grave problema do abuso e exploração infantil. É preciso saber a quem interessa a divulgação de mentiras sobre a atuação dos governos na região", compartilhou Almeida no X.

No mesmo dia, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, criticou as "ideias preconceituosas" na campanha repercutida por famosos e o Ministério dos Direitos Humanos publicou um "alerta de fake news", para desmentir a informação de que o governo teria cancelado programas sociais para o Marajó.

Entenda o caso

Durante a participação no reality evangélico, Aymeê Rocha cantou sua música que faz referências ao tema de exploração sexual infantil na Ilha do Marajó. Depois, aos jurados do programa, ela disse que o local, onde mora, sofre com problemas de tráfico de órgãos e "pedofilia em nível hard”:

— As criancinhas de 6 e 7 anos saem numa canoa e se prostituem no barco por R$ 5 — afirmou Aymeé no vídeo, que já teve mais de 2 milhões de visualizações.

A repercussão do vídeo fez reacender denúncias antigas de Damares. Em 2019, a ex-ministra da Família e dos Direitos Humanos citou a ideia do programa "Abrace o Marajó", para combater o problema de prostituição infantil, lançado oficialmente em 2020. Mas, como O GLOBO mostrou em 2022, nenhum centavo foi gasto pelo projeto. No primeiro ano de seu terceiro mandato, o governo Lula revogou o programa e o substituiu pelo "Cidadania Marajó", para levar políticas sociais à região.

Em 2022, sem provas, Damares chegou a dizer que crianças marajoaras tinham seus dentes removidos para facilitar o sexo oral, o que fez com que fosse denunciada pelo MPF por danos sociais e morais coletivos supostamente causados à população da ilha, com um pedido de R$ 5 milhões de indenização.

Nos últimos dias, além do vídeo da canções, inúmeras montagens de imagens falsas vêm sendo compartilhadas nas redes bolsonaristas. O dos vídeos mais compartilhados traz um caso fora de contexto, que ocorreu, na verdade, no Uzbequistão, quando uma professora foi presa após transportar dezenas de crianças em um carro. O deputado federal Carlos Jordy (PL), investigado no inquérito que apura responsáveis por financiar e organizar atos antidemocráticos de 8 de janeiro, foi uma das pessoas que compartilhou a montagem.

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