Brasil

Advogado de Dilma e senadores do PMDB teriam feito acordo

O próprio Michel Temer teria concordado, "como jurista", com acordo que garantiu a manutenção dos direitos políticos de Dilma Rousseff


	Impeachment: decisão que manteve direitos de Dilma pode beneficiar políticos ameaçados de cassação, como Eduardo Cunha
 (Divulgação / Agência Senado)

Impeachment: decisão que manteve direitos de Dilma pode beneficiar políticos ameaçados de cassação, como Eduardo Cunha (Divulgação / Agência Senado)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2016 às 08h05.

Brasília - O acordo que fatiou a pena da presidente cassada Dilma Rousseff surgiu de uma proposta feita por sua defesa há três semanas, negociado pelos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Kátia Abreu (PMDB-TO), e quase naufragou por causa de um discurso inflamado de Lindbergh Farias (PT-RJ). O presidente Michel Temer teria dado aval "como jurista".

Os peemedebistas foram fundamentais para a aprovação do fatiamento. Dos 17 senadores que votaram a favor do impeachment, dez foram pela pena branda.

Entre "contra" e "abstenções", Dilma "virou" 19 votos. A proposta foi rejeitada por 42 votos a favor, 36 contra e três abstenções - eram necessários ao menos 54 votos.

A medida que permite a Dilma exercer função pública abre precedente para beneficiar políticos ameaçados de cassação, como o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a proposta polêmica do impeachment foi feita pelo advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo. Lindbergh e o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), tinham ressalvas sobre sua eficácia, mas decidiram levá-la adiante após conversas com senadores de vários partidos.

O tradicional almoço da bancada do PT de terça-feira, véspera do julgamento, serviu para discutir a proposta. A área técnica do partido iria se valer de uma resolução editada após reclamação feita pelo líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), em novembro do ano passado.

Para garantir direito à oposição de questionar projetos de Dilma, a Casa instituiu a obrigatoriedade de votar separadamente um requerimento de destaque apresentado por uma liderança partidária.

Costa apresentou o requerimento de destaque às 22h31 da terça-feira, enquanto Kátia e Renan já trabalhavam nos bastidores. Renan havia recebido indicativos de que o ministro Ricardo Lewandowski não faria oposição.

A essa altura, o presidente já havia sido sondado e um senador peemedebista revelou ao jornal O Estado de S. Paulo que Temer, renomado constitucionalista, deu seu aval "como jurista".

Agora, interlocutores do Planalto afirmam que o governo sabia das conversas sobre a proposta, mas não da articulação preparada e programada.

A separação da votação em duas partes, classificada de "absurda" e "inconstitucional" por Temer, teria pego o Planalto "completamente de surpresa".

No dia do julgamento, as conversas se intensificaram. Após abordar em plenário o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), Kátia disse a Cardozo que estava "ok". Eunício, contrário ao pedido, absteve-se.

Risco

Minutos antes da votação, Lindbergh comparou Dilma a João Goulart, deposto pela ditadura militar. Ele citou a declaração de Tancredo Neves, líder do governo Goulart, de 2 de abril de 1964: "Canalhas! Canalhas! Canalhas!" Senadores aliados de Dilma que costuraram a estratégia se exasperaram. Receavam que a fala fosse encarada como uma agressão. Perderam um voto, o do senador Sérgio Petecão (PSD-AC).

Apesar do voto perdido, a ex-presidente já havia angariado naquele momento apoio suficiente de aliados e defensores do impeachment para preservar seus direitos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffImpeachmentMDB – Movimento Democrático BrasileiroMichel TemerPartidos políticosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresSenado

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP