Sergio Moro no CEO Conference Brasil 2022. (BTG Pactual/Divulgação)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 22 de fevereiro de 2022 às 11h41.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2022 às 12h58.
O presidenciável e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (Podemos), afirmou, nesta terça-feira, 22, que a terceira via pode se unir para fazer frente à polaridade entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro deste ano.
Nas pesquisas mais recentes, Moro aparece em terceiro lugar ao lado de Ciro Gomes (PDT). “Acho muito factível a gente [terceira via] se unir para enfrentar esses extremos. Na minha opinião, a gente já deveria estar unidos”, disse o ex-juiz durante o CEO Conference, evento do BTG Pactual que teve início nesta terça.
O ex-ministro do governo de Bolsonaro, afirmou ainda que seu eventual governo será ‘reformista’ e aberto à privatização de qualquer empresa pública.
“O meu projeto é reformista. Não quero revogar reformas, nem abandonar. Não crescemos há muito tempo porque estamos parados, sem lideranças reformistas. O último presidente que fez reformas foi o Fernando Henrique Cardoso [PSDB]. Eu tenho defendido três reformas: tributária, administrativa e ética”, disse Moro.
Em relação à reforma tributária, o candidato à presidência disse que sua proposta é a unificação de todos os tributos de consumo, que incluem ISS, ICMS, PIS e Cofins. Há atualmente em tramitação no Congresso um projeto que une PIS e Cofins em uma alíquota única, no IVA. Moro disse que o texto tem proposta interessante, mas que a transição de dez anos é muito tempo e uma mudança deveria ser mais “imediata”.
Ainda segundo Moro, o principal objetivo é dar mais previsibilidade no pagamento de impostos. Sobre taxar grandes fortunas, o ex-juiz disse que “tem dúvidas” se isso vai trazer um aumento da arrecadação. Para ele, isso pode levar a uma fuga de fortunas para outros países.
Caso ganhe as eleições em outubro deste ano, Moro vai considerar também a privatização de qualquer empresa pública, desde que não troque o monopólio público por um privado. O presidenciável disse que o programa econômico que será proposto ainda está em construção. O grupo de trabalho é liderado pelo economista Affonso Celso Pastore.
Para a reforma administrativa, o ex-juiz defende que haja uma valorização dos servidores públicos. “A ideia é colocar a meritocracia dentro do serviço público. O foco de uma reforma nunca é demitir servidor, é incentivar. Precisa criar um regime de incentivo, treinamento e capacitação para estimular os bons servidores”, disse.
O CEO Conference reúne nestes dias 22 e 23 de fevereiro os principais líderes empresariais, políticos e da sociedade civil do Brasil. Este ano, o principal objetivo da reunião será debater os desafios do país e as principais tendências em economia, política e tecnologia para 2022. O evento é organizado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME).
Entre os participantes confirmados estão o presidente da República, Jair Bolsonaro, e os pré-candidatos João Doria (PSDB), governador do estado de São Paulo, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (Podemos), e o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT).