Acabou a festa: Brasil encerra ciclo de megaeventos
Quando a chama dos Jogos Paralímpicos for apagada neste domingo (18) no Maracanã, terminará oficialmente o ciclo de megaeventos organizados no Brasil
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2016 às 10h17.
Quando a chama dos Jogos Paralímpicos for apagada neste domingo (18) no Maracanã , terminará oficialmente o ciclo de megaeventos organizados no Brasil, país que agora vive o enorme desafio de sair da crise.
Ficam para trás a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de Futebol, a Cúpula da ONU sobre o Meio Ambiente Rio+20, a Jornada Mundial da Juventude com o papa Francisco, além dos Jogos Olímpicos. Todos organizados em meio a dúvidas, atrasos e rejeição popular, com protestos nas ruas.
Mas, no fim, o Brasil realizou cada um desses eventos com sucesso, reunindo muitas pessoas e transcorrendo sem incidentes graves.
Nos anos que abrangem esse ciclo, que começou em 2007, quando foi escolhido país-sede da Copa do Mundo, o Brasil passou de promissora potência emergente para um país em recessão, que vive uma traumática transição política.
Dilma Rousseff foi destituída pelo Senado em um processo que a agora ex-presidente denuncia como "golpe de Estado", e Lula é acusado de corrupção.
O legado da Copa e das Olimpíadas divide muitos brasileiros, entre o alto risco de ver os investimentos milionários em obras esportivas virarem elefantes brancos e as obras de infraestrutura realizadas para transformar algumas cidades, principalmente o Rio.
Segurança e desemprego são outros temas que continuarão sendo discutidos quando a chama paralímpica for apagada.
- Elefantes em manada -
A Copa do Mundo de futebol foi realizada em 12 cidades, algumas sem tradição de futebol, como Brasília, Manaus, Natal e Cuiabá, motivo pelo qual vários dos estádios construídos se transformaram em elefantes brancos.
Não têm equipes da primeira divisão e lotá-los é quase impossível, o que gera perdas pelo alto custo de operação.
O montante de R$ 8 bilhões investido nos estádios foi um dos principais motivos que levaram milhares de pessoas às ruas para protestar por maiores investimentos em Transporte, Saúde e Educação.
No total, a Copa do Mundo custou R$ 25,5 bilhões aos cofres públicos e foi a edição mais cara da história, enquanto os Jogos Olímpicos custaram R$ 38 bilhões, menos do que Londres-2012 e Pequim-2008.
Os organizadores ainda comemoram o fato de 57% do orçamento desse evento esportivo ter vindo do setor privado.
As autoridades repetem ainda, vez ou outra, que o legado dos Jogos não vai virar um elefante branco e que serão licitadas concessões para a exploração das arenas e para manter centros desportivos públicos.
"O Rio é um ponto de sucesso. Se não encontrarmos um investidor nacional, haverá algum internacional", disse à AFP Rafael Picciani, número dois da prefeitura.
Esses planos dependerão em grande medida do novo prefeito, que será eleito em outubro. De qualquer forma, especialistas consultados pela AFP se mostraram céticos.
"A indústria esportiva local é pequena comparada com a magnitude desses eventos. Qual agente privado gostaria de administrar um velódromo quando aqui o que as pessoas gostam é de ver futebol? Corremos o risco de ter uma manada de elefantes no Rio", opinou Erich Beting, editor de um blog especializado em mercado esportivo.
- Transformação -
Um levantamento da Rede Globo em março mostrou como obras de transporte em São Paulo, Fortaleza, Cuiabá e Recife que deveriam estar prontas e, ou não foram terminadas, ou foram abandonadas dois anos depois, afetando populações carentes.
As autoridades investigam os atrasos nesses projetos, a maioria superfaturada, que hoje servem como depósitos de lixo, ou locais para consumo de drogas.
Os Jogos eram outra chance para transformar a cidade, que continua com altos índices de violência que preocupam os cariocas.
Foi feita uma ampliação e modernização do sistema de transporte público (63% passarão a usá-lo, de 18%), construíram-se novas avenidas e viadutos, mais moradias sociais e escolas, assim como foram renovados os espaços públicos, como a Praça Mauá.
"O Rio já estava em decadência, há 35 anos que não se fazia um grande investimento. Vivi em Barcelona e posso dizer que o porte das obras talvez seja um pouco menor", comentou o professor de Administração do Esporte Lamartine da Costa, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Organizações críticas, como o Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, garantem que os megaeventos serviram para que fosse feita uma "limpeza social" na cidade. Entre 2009 e 2015, 22.059 famílias foram removidas, muitas delas em áreas próximas às vias e instalações olímpicas.
Com o fim das obras olímpicas, cerca de 30.000 trabalhadores passaram a engrossar as fileiras de desempregados.
As projeções indicam que a crise econômica está diminuindo e que os efeitos devastadores que muitos previam podem ser menores. Se o Brasil ganhou, ou perdeu, com os megaeventos apenas o tempo dirá.
Quando a chama dos Jogos Paralímpicos for apagada neste domingo (18) no Maracanã , terminará oficialmente o ciclo de megaeventos organizados no Brasil, país que agora vive o enorme desafio de sair da crise.
Ficam para trás a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de Futebol, a Cúpula da ONU sobre o Meio Ambiente Rio+20, a Jornada Mundial da Juventude com o papa Francisco, além dos Jogos Olímpicos. Todos organizados em meio a dúvidas, atrasos e rejeição popular, com protestos nas ruas.
Mas, no fim, o Brasil realizou cada um desses eventos com sucesso, reunindo muitas pessoas e transcorrendo sem incidentes graves.
Nos anos que abrangem esse ciclo, que começou em 2007, quando foi escolhido país-sede da Copa do Mundo, o Brasil passou de promissora potência emergente para um país em recessão, que vive uma traumática transição política.
Dilma Rousseff foi destituída pelo Senado em um processo que a agora ex-presidente denuncia como "golpe de Estado", e Lula é acusado de corrupção.
O legado da Copa e das Olimpíadas divide muitos brasileiros, entre o alto risco de ver os investimentos milionários em obras esportivas virarem elefantes brancos e as obras de infraestrutura realizadas para transformar algumas cidades, principalmente o Rio.
Segurança e desemprego são outros temas que continuarão sendo discutidos quando a chama paralímpica for apagada.
- Elefantes em manada -
A Copa do Mundo de futebol foi realizada em 12 cidades, algumas sem tradição de futebol, como Brasília, Manaus, Natal e Cuiabá, motivo pelo qual vários dos estádios construídos se transformaram em elefantes brancos.
Não têm equipes da primeira divisão e lotá-los é quase impossível, o que gera perdas pelo alto custo de operação.
O montante de R$ 8 bilhões investido nos estádios foi um dos principais motivos que levaram milhares de pessoas às ruas para protestar por maiores investimentos em Transporte, Saúde e Educação.
No total, a Copa do Mundo custou R$ 25,5 bilhões aos cofres públicos e foi a edição mais cara da história, enquanto os Jogos Olímpicos custaram R$ 38 bilhões, menos do que Londres-2012 e Pequim-2008.
Os organizadores ainda comemoram o fato de 57% do orçamento desse evento esportivo ter vindo do setor privado.
As autoridades repetem ainda, vez ou outra, que o legado dos Jogos não vai virar um elefante branco e que serão licitadas concessões para a exploração das arenas e para manter centros desportivos públicos.
"O Rio é um ponto de sucesso. Se não encontrarmos um investidor nacional, haverá algum internacional", disse à AFP Rafael Picciani, número dois da prefeitura.
Esses planos dependerão em grande medida do novo prefeito, que será eleito em outubro. De qualquer forma, especialistas consultados pela AFP se mostraram céticos.
"A indústria esportiva local é pequena comparada com a magnitude desses eventos. Qual agente privado gostaria de administrar um velódromo quando aqui o que as pessoas gostam é de ver futebol? Corremos o risco de ter uma manada de elefantes no Rio", opinou Erich Beting, editor de um blog especializado em mercado esportivo.
- Transformação -
Um levantamento da Rede Globo em março mostrou como obras de transporte em São Paulo, Fortaleza, Cuiabá e Recife que deveriam estar prontas e, ou não foram terminadas, ou foram abandonadas dois anos depois, afetando populações carentes.
As autoridades investigam os atrasos nesses projetos, a maioria superfaturada, que hoje servem como depósitos de lixo, ou locais para consumo de drogas.
Os Jogos eram outra chance para transformar a cidade, que continua com altos índices de violência que preocupam os cariocas.
Foi feita uma ampliação e modernização do sistema de transporte público (63% passarão a usá-lo, de 18%), construíram-se novas avenidas e viadutos, mais moradias sociais e escolas, assim como foram renovados os espaços públicos, como a Praça Mauá.
"O Rio já estava em decadência, há 35 anos que não se fazia um grande investimento. Vivi em Barcelona e posso dizer que o porte das obras talvez seja um pouco menor", comentou o professor de Administração do Esporte Lamartine da Costa, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Organizações críticas, como o Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, garantem que os megaeventos serviram para que fosse feita uma "limpeza social" na cidade. Entre 2009 e 2015, 22.059 famílias foram removidas, muitas delas em áreas próximas às vias e instalações olímpicas.
Com o fim das obras olímpicas, cerca de 30.000 trabalhadores passaram a engrossar as fileiras de desempregados.
As projeções indicam que a crise econômica está diminuindo e que os efeitos devastadores que muitos previam podem ser menores. Se o Brasil ganhou, ou perdeu, com os megaeventos apenas o tempo dirá.