9 boas notícias vindas do Brasil, segundo a ONU
Em seu relatório de desenvolvimento humano, a ONU defende que o Brasil contribuiu para a redução da pobreza mundial e ressalta que empresas nacionais estão comprando gigantes dos EUA
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2013 às 14h41.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h42.
São Paulo – O Brasil é uma das estrelas do último Relatório de Desenvolvimento Humano, da ONU , divulgado hoje. Chamado de “A Ascensão do Sul”, o documento elogia os avanços das nações não desenvolvidas e o aumento da influência delas no cenário internacional”O país (Brasil) alcançou quatro de seus oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, antes do prazo de 2015, e está a caminho de alcançar os outros quatro ainda a tempo”, afirma o relatório.É assim, com várias citações a políticas sociais e industriais de sucesso do Brasil que o documento oficial da ONU sobre desenvolvimento humano cria uma imagem positiva para o país. Ainda não é hora, no entanto, de considerar todo o dever de casa realizado. Longe disso, aliás. A ONU lembra que a América Latina permanece com a " distribuição mais desigual de riquezas que qualquer outra região do mundo”. Clique nas fotos e veja os exemplos do Brasil destacados como sucesso pela agência.
Brasil, China e Índia diminuíram dramaticamente o índice de pobreza ao introduzir programas sociais, elevar a educação e aumentar o salário mínimo. No Brasil, em particular, o índice de miseráveis foi de 17,2% da população, em 1990, para 6,1%, em 2009. Um dos oito objetivos do milênio é justamente reduzir a pobreza e a fome. “Este objetivo foi alcançado três anos antes da data-alvo, principalmente por causa do sucesso de alguns dos países mais populosos: Brasil, China e Índia”, diz o relatório.
Apesar da briga entre governo e oposição, da rixa entre PT e PSDB, dentre várias outras, a ONU coloca o Brasil no grupo de nações com visão de desenvolvimento de longo prazo. “Uma liderança eficaz alinha (em um país) os objetivos de longo prazo dos agentes políticos”, lembra o relatório.Segundo a agência, desde a transformação do Brasil em um estado “desenvolvimentista”, em 1994, houve manutenção das reformas macroeconômicas e o controle da inflação. Tudo foi continuado, assim como as políticas fiscais e monetárias, além de programas sociais “inovadores”.
Para mostrar que as nações do “Sul” estão mais poderosas do que nunca, a ONU lembra que “quatro dos cinco países com o maior número de usuários do Facebook estão na região: Brasil, Índia, Indonésia e México”. Ou seja, nações como a brasileira estão participando diretamente de uma era de “conexão sem precedentes” por meio de trocas comerciais, viagens e telecomunicações.
Em 2006, o Brasil tinha três empresas na lista das maiores corporações do mundo da Fortune 500. Em 2011, já eram sete. “A aquisição de marcas veneradas do Norte por empresas de países com renda média ou baixa é uma mostra da ascensão do Sul”, diz o documento. O relatório cita a compra da Swift pela JBS em 2007, usada como porta de entrada da empresa nacional no mercado norte-americano. Hoje, marcas como Burger King e Budweiser, ícones dos EUA, pertencem a companhias e fundos comandados por brasileiros.
Entre65 nações, o Brasil ainda ocupa a nada honrosa 57ª posição no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), mas a ONU se mostrou animada com a evolução da educação brasileira, colocando o país no grupo dos que apresentarem melhora “impressionante” nos últimos anos. “Como resultado desse investimento, a pontuação do Brasil de matemática no PISA subiu 52 pontos entre 2000 e 2009, o terceiro maior salto registrado”. A agência ressalta a criação do Fundef, em 1996, que garantiu melhor financiamento por estudante na educação básica.
O Brasil conseguiu ter exemplos de sucesso industrial por meio de uma política arriscada: criou setores hoje competitivos no exterior por meio de ajuda governamental. Esse tipo de estratégia permitiu a “vários países do Sul transformar indústrias anteriormente ridicularizadas como ineficientes (...) em exportadoras bem sucedidas quando as economias desses países se tornaram mais abertas”. A ONU menciona que a Embraer é hoje a líder mundial em jatos de até 120 lugares, além do Brasil ter exemplos ainda nos setores de aço e calçados.
Para a ONU, “sociedades mais igualitárias tendem a ir melhor na maioria dos índices de desenvolvimento humano do que sociedades desiguais”. Por isso o Brasil é apontado como exemplo de sucesso ao criar o Bolsa Escola, em 2001, que acabou sendo unificado como Bolsa Família mais tarde. O programa motivou a criação de medidas semelhantes em países latino-americanos como Chile e México. “Estes programas também inovaram em termos de administração e de empoderamento feminino, ao desenvolver canais de distribuição inovadores, tais como cartões de caixas eletrônicos para mães de baixa renda sem contas bancárias”.
Segundo a ONU , o Brasil está no grupo de 15 países que podem ser considerados “grandes realizadores”, assim como China e Índia, e que conseguiram elevar a renda nacional aliada a uma performance acima da média em educação e saúde.A estratégia que deu certo, segundo o relatório, foi não confiar apenas no crescimento econômico em si, investindo em desenvolvimento humano e tornando a sociedade mais forte e protegida diante de crises.
Em 1950, Brasil, China e Índia representavam apenas 10% da economia mundial, enquanto as seis maiores potências desenvolvidas - Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e EUA – ficavam com quase 50%. A previsão da ONU é que até 2050 as três maiores economias do mundo emergente abocanhem uma fatia de quase 40% do bolo, no que a agência chama de um “dramático reequilíbrio do poder econômico global”.