Bolsonaro e Moro: acusações de interferência em órgão independente podem dar base para pedido de impeachment (Adriano Machado/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 24 de abril de 2020 às 13h26.
Última atualização em 29 de abril de 2020 às 13h31.
O pronunciamento de demissão do ex-ministro da Justiça Sergio Moro feito há pouco pode complicar a vida do presidente Jair Bolsonaro. Moro decidiu deixar o cargo após interferências políticas do presidente na Polícia Federal.
Em 40 minutos de fala, o ex-juiz fez denúncias sobre a intenção do chefe de Estado do Brasil em ter alguém na PF que envie a ele relatórios de inteligência produzidos em investigações. Citou, ainda, preocupações do presidente com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal.
As informações podem ter consequências graves para o presidente. Na visão de analistas políticos e advogados, as ações de Bolsonaro em um órgão que, teoricamente, é independente podem configurar crime de responsabilidade, o que garante base jurídica para um eventual processo de impeachment.
Nas redes sociais, parlamentares como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) já citaram que vão acionar a justiça contra Bolsonaro. A Ordem dos Advogados do Brasil emitiu também uma nota dizendo que "vai analisar os indícios de crimes, apontados por Moro".
Veja a seguir as frases ditas por Moro que podem prejudicar Bolsonaro:
"Imaginem se durante a Operação Lava-Jato a então presidente Dilma ou o ex-presidente Lula ligassem para o superintendente da Polícia Federal em Curitiba e pedissem informações sobre o andamento das investigações"
"O grande problema da troca [do chefe da PF] seria haver uma violação à promessa que me foi feita [de carta branca]. A indicação política levaria a uma queda na credibilidade. Não minha, mas do governo"
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