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2 dos 4 suspeitos de hackear autoridades podem ser soltos na segunda

Quatro foram presos no dia 23 de julho por suposta invasão de telefones celulares de autoridades

PF: evidências de pagamento é o ponto crucial da investigação. (Nacho Doce/Reuters)

PF: evidências de pagamento é o ponto crucial da investigação. (Nacho Doce/Reuters)

TL

Tais Laporta

Publicado em 31 de agosto de 2019 às 16h30.

Última atualização em 31 de agosto de 2019 às 17h03.

São Paulo — Um mês após a decretação da prisão preventiva, a Polícia Federal informou à Justiça Federal que já não há necessidade de manter presos dois dos quatro suspeitos de hackear altas autoridades da República.

A PF está focada em desvendar se houve pagamento para a obtenção e compartilhamento de mensagens por parte dos hackers, e tem pedido medidas com esse objetivo, e entende que é necessário manter presos apenas Walter Delgatti Neto, descrito como líder do grupo, e Gustavo Henrique Santos, o DJ de Araraquara.

Walter confessou ter invadido o celular das autoridades e repassado o pacote de mensagens ao site "The Intercept", mas nega ter recebido qualquer pagamento.

A manifestação, sigilosa, foi enviada na noite desta sexta-feira 30, após o juiz Ricardo Leite, da 10.a Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, questionar se era preciso manter as prisões.

Segundo uma fonte com acesso à decisão, a PF informou que a soltura de Suelen Priscila de Oliveira - esposa de Gustavo - e de Danilo Cristiano não ofereceria risco à investigação.

No período de um mês, já foi feita a perícia nos materiais apreendidos com Danilo, que é amigo do Vermelho. Ainda que Danilo pudesse ter conhecimento de invasões, a defesa sustenta que não tem envolvimento.

Com a manifestação da PF, a expectativa é que a soltura de Suelen Priscila de Oliveira e de Danilo Cristiano Marques possa ser expedida na segunda-feira, 2.

Entre as alegações para manter Walter Delgatti preso, ainda restam diversos materiais a serem periciados. Quanto a Gustavo Henrique, a Polícia Federal ainda não conseguiu acessar um aparelho eletrônico apreendido.

Os investigadores buscam evidências de pagamento. Esse é o ponto crucial da investigação e novas medidas foram pedidas na semana passada relacionadas à apuração de fraudes bancárias.

Na decisão em que pediu a avaliação da PF, o juiz Ricardo Leite registrou um total de seis crimes sendo investigados na Operação Spoofing: organização criminosa, violação de sigilo telefônico, invasão de dispositivo informático alheio, lavagem de dinheiro, fraudes bancárias e estelionato.

Os quatro suspeitos foram presos pela Polícia Federal no dia 23 de julho, no âmbito da investigação sobre a invasão de telefones celulares de autoridades, incluindo o presidente da República, Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol.

Quem são os suspeitos

Suelen Priscila de Oliveira. Namorada de Gustavo Henrique Elias Santos, tem 25 anos e não tinha passagem pela polícia. Segundo o advogado, tem conhecimento "razoável" de informática e trabalha com criptomoedas. Foi presa junto com Gustavo em São Paulo. Ela também estava presente no episódio ocorrido no parque Beto Carrero, em Santa Catarina, pelo qual Walter Delgatti foi preso ao tentar se passar por delegado da Polícia Civil.

Ela prestou depoimento junto com o marido Gustavo e foi liberada. Segundo a investigação da Polícia Federal sobre o ataque hacker, Suelen movimentou, entre 7 de março e 29 de maio de 2019, uma renda mensal de R$2.192. Os agentes encontraram R$ 100 mil em espécie no apartamento do casal na zona sul de São Paulo.

Danilo Cristiano Marques. 33 anos, foi preso em Araraquara. É amigo de Delgatti e já foi testemunha dele em dois processos. Morava no Jardim Paineiras, em Araraquara.

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