12 revelações da deputada blogueira sobre a vida na Câmara
Você sabia que alguns deputados votam um projeto sem nem saber do que se trata? Veja esses e outros detalhes do dia-dia de Brasília.
Mariana Desidério
Publicado em 18 de maio de 2015 às 10h14.
Última atualização em 7 de fevereiro de 2018 às 18h43.
São Paulo – Você sabia que alguns deputados votam um projeto sem nem saber do que se trata? E sabia que é comum os parlamentares contratarem pessoas para colher assinaturas na Câmara? Pois esses e outros detalhes do dia-a-dia do Congresso Nacional estão disponíveis na internet para quem quiser ler. Eles são alvo dos comentários da “deputada blogueira” Renata Abreu (PTN). Em seu primeiro mandato na Câmara, a novata de 33 anos decidiu publicar uma página contando como é o cotidiano dos políticos em Brasília . “Eu via uma necessidade de compartilhar com o eleitor minhas lutas, minhas frustações. Fazer com que esse eleitor não só critique, mas que fale com conhecimento de causa”, disse em entrevista a EXAME.com. Filha do ex-deputado José de Abreu, Renata foi eleita com 86.647 votos pelo nanico PTN (Partido Trabalhista Nacional), partido do qual é presidente estadual em São Paulo. Na conversa, a parlamentar fala sobre o que precisa mudar no Congresso, explica suas posições na Comissão da Reforma Política e diz que não gostava de política antes de ser candidata. Leia a seguir os principais trechos da entrevista que a deputada concedeu a EXAME.com. E veja nos slides acima as melhores frases de Renata Abreu em seu blog, o Diário de uma Deputada Federal. EXAME.com- O que mais chamou a sua atenção quando chegou ao Congresso?
Renata Abreu - Tudo o que escrevo no blog são coisas que não se imagina antes de conhecer o Congresso. É um pouco a diferença entre a expectativa e o que eu encontrei.
Uma coisa que me surpreendeu é a dificuldade em aprovar um projeto na Casa. Eu achava que essa era a função do Legislativo e que um deputado conseguiria realizar essa missão em 4 anos. Mas muitos me disseram que eu não conseguiria aprovar nenhum projeto. A questão das votações também me surpreendeu. Eu achava que, quando um projeto era votado, cada deputado dava seu voto um a um. Mas não é assim, tem muitas votações simbólicas. E às vezes as coisas são muito rápidas, então não há tempo de refletir sobre o tema. Muitas vezes você vê deputados bem confusos. EXAME.com - O que acha que precisa mudar no Congresso?
Renata Abreu - Os projetos de lei deveriam ser votados no plenário seguindo a ordem de apresentação. Hoje, quem decide o que será votado é o presidente da Casa. Então fica muito poder numa pessoa só. Isso engessa um pouco, dificulta para as pessoas conseguirem concretizar seus projetos. Todo mundo tem o direito de ter o seu projeto pautado, então tinha que ter um critério menos pessoal. EXAME.com – Num dos posts do seu blog, a senhora reclama que as pessoas pensam que os políticos são todos iguais. Fica ofendida?
Renata Abreu - Ofendida não, porque em mim a carapuça não serve. Minha maior bandeira é a gente conscientizar os cidadãos sobre a política. Hoje, para ser candidato tem que ter coragem, porque você já é visto como bandido. Isso desestimula que pessoas de bem participem. A gente tem que fazer o contrário, tem que estimular. Tem gente que julga , diz que deputado não trabalha. Eu durmo quatro horas por noite, trabalho no final de semana. Aí tenho que ouvir que deputado não trabalha? Pode ser que tenha quem não trabalhe, como em qualquer profissão, mas não são todos. EXAME.com – O seu pai foi deputado. A senhora sempre gostou de política?
Renata Abreu - Não. Quando você tem um pai deputado, não tem ele casa. Na minha infância eu não tive meu pai presente e nunca tive privacidade. Era muita gente entrando e saindo de casa. Meu pai nunca pediu para eu ser candidata, ele sabia das dificuldades que eu enfrentaria. Mas eu vi que é por meio da política que a gente promove as grandes transformações na sociedade. Acho que a gente não pode simplesmente reclamar e não dar a cara. É muito fácil falar “o Brasil é muito ruim e vou sair daqui”. EXAME.com - Por que resolveu fazer o blog?
Renata Abreu - Quando eu comecei minha campanha, vivi uma experiência única. Eu não tinha experiência e não tinha mandato. E eu também via o nosso povo reclamando muito dos políticos, mas com muitas atitudes semelhantes. Então achei que as pessoas precisavam saber o que era uma campanha e um mandato de deputado. Resolvi fazer um diário para colocar tudo o que eu sinto, o que eu vejo. É algo sem criticas a A ou B, mas sim para mostrar a realidade do Congresso e para aproximar esse universo do eleitor. Esse é o intuito. Vi uma necessidade de compartilhar com o eleitor esses momentos, essas lutas, essas frustações e conseguir fazer com que esse eleitor não só critique, mas que fale com conhecimento de causa, vá para as ruas com conhecimento de causa, porque conhece os bastidores, e não generalize. EXAME.com - A senhora faz parte da Comissão da Reforma Política na Câmara. Qual o seu posicionamento sobre o tema?
Renata Abreu - Defendo uma única reeleição no Legislativo. Acho que os políticos deveriam ir para dar sua contribuição na sociedade, não para fazer carreira. Mas sei que sou voto vencido nesse tema. Também defendo uma constituinte exclusiva para a reforma política. Entendo que o Congresso é competente, mas não é imparcial. Ele foi eleito pelas regras atuais, pelo sistema político atual, portanto, não é imparcial em relação a esse sistema. Obviamente muitos ali realmente colocam a discussão da reforma politica acima do seu mandato. Isso existe, mas não é a maioria. E também tem a questão do financiamento. O pior problema no país é que o poder econômico influencia diretamente nas eleições. Que tipo de imparcialidade o deputado tem frente aos empresários que o patrocinaram? Então sou a favor do fim do financiamento privado nas campanhas.
Renata Abreu - Tudo o que escrevo no blog são coisas que não se imagina antes de conhecer o Congresso. É um pouco a diferença entre a expectativa e o que eu encontrei.
Uma coisa que me surpreendeu é a dificuldade em aprovar um projeto na Casa. Eu achava que essa era a função do Legislativo e que um deputado conseguiria realizar essa missão em 4 anos. Mas muitos me disseram que eu não conseguiria aprovar nenhum projeto. A questão das votações também me surpreendeu. Eu achava que, quando um projeto era votado, cada deputado dava seu voto um a um. Mas não é assim, tem muitas votações simbólicas. E às vezes as coisas são muito rápidas, então não há tempo de refletir sobre o tema. Muitas vezes você vê deputados bem confusos. EXAME.com - O que acha que precisa mudar no Congresso?
Renata Abreu - Os projetos de lei deveriam ser votados no plenário seguindo a ordem de apresentação. Hoje, quem decide o que será votado é o presidente da Casa. Então fica muito poder numa pessoa só. Isso engessa um pouco, dificulta para as pessoas conseguirem concretizar seus projetos. Todo mundo tem o direito de ter o seu projeto pautado, então tinha que ter um critério menos pessoal. EXAME.com – Num dos posts do seu blog, a senhora reclama que as pessoas pensam que os políticos são todos iguais. Fica ofendida?
Renata Abreu - Ofendida não, porque em mim a carapuça não serve. Minha maior bandeira é a gente conscientizar os cidadãos sobre a política. Hoje, para ser candidato tem que ter coragem, porque você já é visto como bandido. Isso desestimula que pessoas de bem participem. A gente tem que fazer o contrário, tem que estimular. Tem gente que julga , diz que deputado não trabalha. Eu durmo quatro horas por noite, trabalho no final de semana. Aí tenho que ouvir que deputado não trabalha? Pode ser que tenha quem não trabalhe, como em qualquer profissão, mas não são todos. EXAME.com – O seu pai foi deputado. A senhora sempre gostou de política?
Renata Abreu - Não. Quando você tem um pai deputado, não tem ele casa. Na minha infância eu não tive meu pai presente e nunca tive privacidade. Era muita gente entrando e saindo de casa. Meu pai nunca pediu para eu ser candidata, ele sabia das dificuldades que eu enfrentaria. Mas eu vi que é por meio da política que a gente promove as grandes transformações na sociedade. Acho que a gente não pode simplesmente reclamar e não dar a cara. É muito fácil falar “o Brasil é muito ruim e vou sair daqui”. EXAME.com - Por que resolveu fazer o blog?
Renata Abreu - Quando eu comecei minha campanha, vivi uma experiência única. Eu não tinha experiência e não tinha mandato. E eu também via o nosso povo reclamando muito dos políticos, mas com muitas atitudes semelhantes. Então achei que as pessoas precisavam saber o que era uma campanha e um mandato de deputado. Resolvi fazer um diário para colocar tudo o que eu sinto, o que eu vejo. É algo sem criticas a A ou B, mas sim para mostrar a realidade do Congresso e para aproximar esse universo do eleitor. Esse é o intuito. Vi uma necessidade de compartilhar com o eleitor esses momentos, essas lutas, essas frustações e conseguir fazer com que esse eleitor não só critique, mas que fale com conhecimento de causa, vá para as ruas com conhecimento de causa, porque conhece os bastidores, e não generalize. EXAME.com - A senhora faz parte da Comissão da Reforma Política na Câmara. Qual o seu posicionamento sobre o tema?
Renata Abreu - Defendo uma única reeleição no Legislativo. Acho que os políticos deveriam ir para dar sua contribuição na sociedade, não para fazer carreira. Mas sei que sou voto vencido nesse tema. Também defendo uma constituinte exclusiva para a reforma política. Entendo que o Congresso é competente, mas não é imparcial. Ele foi eleito pelas regras atuais, pelo sistema político atual, portanto, não é imparcial em relação a esse sistema. Obviamente muitos ali realmente colocam a discussão da reforma politica acima do seu mandato. Isso existe, mas não é a maioria. E também tem a questão do financiamento. O pior problema no país é que o poder econômico influencia diretamente nas eleições. Que tipo de imparcialidade o deputado tem frente aos empresários que o patrocinaram? Então sou a favor do fim do financiamento privado nas campanhas.
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