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Soja do Brasil surpreende e exportação avança 2% no 1º semestre

Setor produtivo espera redução dos embarques no segundo semestre

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 5 de julho de 2024 às 15h36.

Última atualização em 5 de julho de 2024 às 16h23.

As exportações de soja do Brasil registraram alta anual de 2,23% no primeiro semestre de 2024, atingindo 64,15 milhões de toneladas, mostraram dados divulgados nesta quinta-feira, 4, pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O crescimento ocorreu apesar de uma safra menor devido a condições climáticas adversas. Em junho, os embarques somaram 13,95 milhões de toneladas, ligeiramente acima do mesmo mês do ano passado.

Segundo Luiz Fernando Gutierrez, consultor e especialista no mercado de soja da Safras & Mercado, o crescimento nos embarques trouxe uma leve surpresa ao setor.

"Apesar de termos um volume considerável para exportar no primeiro semestre, esperávamos que pudesse ficar um pouco abaixo do ano passado. Isso porque, ao longo do ano, teremos menos volume disponível devido à quebra de safra. No entanto, a demanda chinesa continua forte, consolidando o Brasil como grande fornecedor para a China", afirmou Gutierrez.

A produção brasileira de soja em 2024 está estimada em 152,5 milhões de toneladas, uma redução de 7,8 milhões de toneladas em comparação com o recorde de 160,3 milhões de toneladas da temporada anterior, segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Setor projeta queda para o Brasil

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em seu relatório de oferta e demanda do mês passado, estimou a safra 2023/24 do Brasil em 153 milhões de toneladas, com uma projeção de exportação de 102 milhões de toneladas. Para a temporada 2024/25, o USDA projeta uma produção de 169 milhões de toneladas para o país.

Para o segundo semestre deste ano, a expectativa é de uma redução gradual nas exportações de soja. De acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), o Brasil deve embarcar 9,5 milhões de toneladas em julho.

"Esperamos que o volume exportado de julho a dezembro seja inferior ao do ano passado, quando exportamos quase 102 milhões de toneladas. Nesta temporada, não temos volume produzido para atingir essa marca. Portanto, a previsão é que o acumulado do segundo semestre seja menor. A menos que haja um volume de soja não contabilizado, o que é improvável", diz Gutierrez. De acordo com a Safras & Mercado, até o início de junho, 65% da safra nacional 23/24 havia sido comercializada, contra 70% da média dos últimos 5 anos.

A Abiove prevê que a exportação anual brasileira diminuirá em cerca de 4 milhões de toneladas, totalizando 97,8 milhões de toneladas em 2024. Com base nas exportações acumuladas até junho e nas projeções da entidade, estima-se que os embarques no segundo semestre alcancem aproximadamente 33,65 milhões de toneladas, abrindo mais espaço para as exportações de milho nos portos.

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