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Soja americana perde competitividade para grão produzido no Brasil

País começa a colher frutos de mais de R$ 290 bilhões que o governo federal investiu em estradas e portos desde 2008, enquanto EUA perdem US$ 10 bilhões em exportações agrícolas

Produtores de soja nos EUA: país perde competitividade para o Brasil (Getty Images/Getty Images)

Produtores de soja nos EUA: país perde competitividade para o Brasil (Getty Images/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 6 de setembro de 2022 às 11h12.

Os produtores de soja americanos, que enfrentam gargalos logísticos e um dólar em alta, perdem sua vantagem competitiva para seu maior rival no mercado global: o Brasil.

Por muitos anos até 2020, era cerca de duas vezes mais caro para a China — o principal importador — trazer soja do Brasil em vez dos EUA. Mas dólar forte e problemas nas cadeias de suprimentos americanas, por um lado, e melhoras na infraestrutura de abastecimento brasileira, por outro, praticamente eliminaram essa diferença, mostram dados do Departamento de Agricultura dos EUA.

Agora custa aproximadamente o mesmo para um comprador chinês transportar uma tonelada de soja do Mato Grosso ou de Iowa, apesar do aumento nos preços de combustíveis este ano.

Enquanto os EUA - que disputa com o Brasil a posição de maior produtor mundial de soja - correm para remediar os gargalos de transporte da era da pandemia e iniciam um plano de bilhões de dólares para atualizar a infraestrutura do país, o Brasil já começa a colher os frutos de mais de R$ 290 bilhões que o governo federal investiu em estradas e portos desde 2008.

“Nada estimula mais do que a competição — e esta é uma competição acirrada”, disse Mike Steenhoek, diretor executivo da Soy Transportation Coalition. “Quando você vê esse tipo de melhora em outros lugares, precisamos aumentar os investimentos em nosso país.”

Os EUA perderam cerca de US$ 10 bilhões em exportações agrícolas por causa dos problemas logísticos da pandemia, de acordo com um estudo da Universidade da Califórnia em Davis e da Universidade de Connecticut.

No Brasil, a reforma do chamado Arco Norte de portos ao longo do rio Amazonas e do litoral do Nordeste reduziu em dois dias e 1.600 quilômetros a viagem dos carregamentos de safra do Centro-Oeste até os navios, para cerca de metade do que era antes.

Na última década, as exportações de milho e soja pelo Arco Norte aumentaram quase seis vezes, segundo a CNA.

No porto de Santos, o mais movimentado do país, as autoridades estão investindo centenas de milhões de dólares para aumentar a capacidade total em cerca de metade para 240 milhões de toneladas anualmente em 2040, enquanto a quantidade total de carga movimentada por trem quase dobrará para 86 milhões de toneladas por ano, disse Bruno Stupello, diretor de desenvolvimento de negócios do porto.

Para o Brasil continuar competitivo, será necessário que a infraestrutura cresça mais do que a produção nos próximos anos, disse Thiago Pera, especialista em logística agrícola da Universidade de São Paulo.

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