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Itaú BBA: Produtores de grãos devem ter margens maiores na safra 2024/25

Estoques e desenvolvimento da safra dos EUA devem manter preços "comportados", afirma consultoria

soybean plantation on a sunny day in Brazil.
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 7 de agosto de 2024 às 18h02.

Última atualização em 7 de agosto de 2024 às 18h09.

A safra 2024/25 de grãos do Brasil deve ser marcada por melhores margens para o produtor, segundo as perspectivas divulgadas nesta terça-feira, 7, pela consultoria de Agro do Itaú BBA. De acordo com a instituição, o tom de cautela em relação ao clima continua nesta temporada, ainda que seja necessário avaliar as realidades específicas de cada cultura.

Para a consultoria, a possível chegada do fenômeno La Niña durante o plantio de soja e milho no Brasil nos próximos meses gera dúvidas sobre os impactos reais na produtividade dos grãos. A estimativa do Itaú BBA é de que o país produza 163 milhões de toneladas de soja na temporada 2024/25, enquanto o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta 169 milhões de toneladas.

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O La Niña ocorre quando a temperatura do Oceano Pacífico na região tropical fica abaixo da média e causa uma série de efeitos climáticos, como chuvas mais intensas na Ásia e condições mais secas em algumas áreas da América do Sul. No Brasil, ainda sem ter noção do tamanho do impacto, o La Niña pode trazer alívio para os produtores agrícolas que enfrentaram sérios problemas recentemente, como as enchentes históricas no Rio Grande do Sul.

No entanto, não se espera que as cotações dos grãos na Bolsa de Chicago (CBOT) , uma das principais bolsas de valores dos Estados Unidos que opera o mercado agrícola, aumentem. "O cenário de preços para o setor de grãos está comportado na safra 2024/25 em função dos estoques e do andamento da safra dos EUA", avalia Pedro Fernandes, diretor de Agronegócio do Itaú BBA.

Segundo Fernandes, os meses de julho e agosto costumam ser cruciais para o desenvolvimento das safras de soja, milho e trigo nos EUA, e, até o momento, o clima tem sido positivo para o desenvolvimento das lavouras do país.

"A safra americana está evoluindo sem grandes dificuldades. A certeza sobre as projeções para a safra dos EUA só será possível ao final de agosto, e o clima sempre pode trazer surpresas", afirma César de Castro Alves, gerente da consultoria de Agro do Itaú BBA.

Menores custos devem aumentar lucro do produtor

Segundo o banco, a safra 2024/25 deve proporcionar uma margem de lucro maior para os produtores, por causa da expectativa de redução dos custos, especialmente no setor de insumos.

A consultoria projeta uma diminuição de 25%nos custos com fertilizantes nesta temporada, o que deverá reduzir o custo operacional em 12% em comparação com a safra 2023/24.

Além disso, a desvalorização do real pode oferecer um alívio financeiro superior ao previsto para os produtores, que enfrentaram margens mais baixas nas últimas duas safras. Esse "respiro" financeiro para o agricultor deve manter o pacote tecnológico, incluindo sementes e insumos, o que, aliado a condições climáticas favoráveis, pode resultar em uma melhoria na produtividade e um aumento da rentabilidade para a safra 2024/25.

Segundo a Confederação Nacional da Agropecuária (CNA), os custos de produção elevados e a queda no preço das commodities comprometeram a receita dos produtores na temporada 2023/24.

Por outro lado, ainda existem riscos, como os juros elevados no Brasil e nos Estados Unidos, a volatilidade do mercado, tensões geopolíticas e as eleições nos EUA.

Na perspectiva do Itaú BBA, uma possível desvalorização do dólar e um enfraquecimento econômico nos EUA, acompanhados por uma redução nas taxas de juros, poderiam beneficiar os preços das commodities em dólar– o queé especialmente relevante para aquelas em que o Brasil tem destaque global.

Principais commodities agrícolas que o Brasil exporta

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