Inflação do azeite dispara, acumula alta de 25,62% no ano e preços devem continuar a subir
Mercado aquecido no Brasil tem atraído empresas estrangeiras de olho em obter maior participação
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 10 de novembro de 2023 às 11h35.
Última atualização em 10 de novembro de 2023 às 12h14.
Enquanto a inflação brasileira desacelera e acumula alta de 3,75% de janeiro a outubro, o preço médio do azeite de oliva subiu quase sete vezes mais no mesmo período e chegou a 25,62%.Somente em outubro, o produto encareceu, em média, 5,32% e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou aumento de 0,24%. O valor do óleo tem pesado no orçamento das famílias e a tendência é que o custo continue alto nos próximos meses diante dos problemas na safra global.
Como toda commodity, a formação de preços do azeite se dá no mercado internacional e a Europa concentra 75% da produção mundial. A safra global de 2022 foi a pior da história, com queda de 26%, comparada com o padrão histórico. A expectativa era de melhora em 2023, mas isso não tem se confirmado.
- RaiaDrogasil (RADL3) revisa guidance e acelera plano de expansão para até 600 lojas em dois anos
- PMI da zona do euro recua a 46,5 em outubro e atinge menor nível 3 anos
- O que entra na Netflix esta semana? Veja os filmes e as séries
- Inflação elevada é maior barreira para o crescimento econômico, diz ministro do Reino Unido
- Dívida Bruta do Governo Geral sobe para 74,4% do PIB em setembro mostra BC
- Mercado não espera déficit zero mas é importante perseguir meta fiscal, diz Campos Neto
Leonardo Johnson Scandola, vice-presidente da Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira (Oliva) e diretor comercial para a América do Sul da marca italiana Filippo Berio, afirma queas mudanças climáticas, com fortes secas, explicam parte significativa da quebra de safra.
“As secas fortes, a falta de chuvas e temperaturas médias maiores direcionam a agricultura para um cenário incerto”, diz Scandola.
Preços continuarão altos no Brasil
Outro problema que tem afetado a produção de azeite é a bactéria Xylella, que acata as oliveiras e leva as árvores a secar. Segundo Scandola, esses dois problemas se somam aos custos industriais, de energia e de embalagens.
“Desde o começo do ano o custo do azeite aumentou 50% e já chega a uma alta 69% nos últimos 12 meses na Espanha e na Itália, os dois maiores produtores globais. E isso tem levado a uma queda do consumo. No Brasil, pesquisas de mercado apontaram crescimento nas vendas do varejo de azeite de 1,7% até setembro. Isso testemunha a paixão do brasileiro pelo azeite”, afirma.
O aumento das vendas no Brasil, entretanto, será acompanhado pelo aumento dos preços, diz Scandola. Segundo ele, os processos de encarecimento e redução do valor do produto chegam com atraso no país.
Para ter uma ideia, em agosto e setembro a elevação do custo do azeite chega a 30% na Europa. “O mercado e os consumidores brasileiros terão de enfrentar novos aumentos de preços”, diz.
Mercado aquecido
Quarto maior mercado consumidor de azeite do mundo, o Brasil tem atraído empresas estrangeiras em busca de uma fatia de mercado. De olho nesse potencial, a Filippo Berio desembarcou no país em 2020 e até 2022 cresceu 115% em volume de produtos vendidos e quadruplicou a participação de mercado, que passou de 1% para 4%.
Scandola afirma que a empresa exporta para 75 países, tinha uma tímida presença no Brasil e enxergou no país um mercado relevante. A empresa tem uma meta ambiciosa de se transformar em uma das três marcas mais vendidas no mercado brasileiro, dominada por rótulos espanhóis e portugueses.
“Acabamos de chegar, mas com visão estruturada. Mesmo querendo ser líder, sabemos dos desafios. Queremos chegar a ser uma das três marcas mais vendidas no Brasil. Mostrando a variedade e a qualidade do azeite italiano. Apesar de sermos uma referência mundial no azeite, lançamos duas categorias de produtos no Brasil. Uma linha de molhos pesto e uma linha de molhos de tomate. Queremos ser embaixadores do azeite e da culinária italiana”, disse.