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Remy Sharp
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Enquanto a safra 2022/2023 dá sinais de ter ficado no "zero a zero" na relação entre custos e rentabilidade, a expectativa é que 2023/2024 tenha lucratividade ligeiramente mais acentuada. Para concretizar margens cada vez maiores de lucro, é preciso investir no campo e firmar compromissos financeiros. Enquanto esperam o lançamento do próximo Plano Safra, que deve vir somente no final de junho, produtores rurais têm buscado outros meios de financiar suas culturas, incluindo os Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro), que tiveram crescimento exponencial desde 2021.

Durante a 3ª edição do EXAME SUPERAGRO, evento que reuniu as principais autoridades e lideranças do agronegócio brasileiro em São Paulo, realizado na terça-feira, 30, especialistas do mercado avaliaram o modelo ideal para o funcionamento do fundo, incluindo o formato para pagamento de dividendos.

O assunto é relevante dada a velocidade de aderência aos Fiagros, cujo patrimônio passou de R$ 1,7 bilhão em 2021 para R$ 12,6 bilhões até abril de 2023. O número de cotistas está em 260 mil investidores, sendo 90% em pessoas físicas.

"Isso significa que existiu uma assimetria entre mercado de capitais e o agro. Ele era um setor subrepresentado e a gente acha que a simetria vai acontecer cada vez mais", afirmou Marcus Maia, diretor executivo do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

Ele espera que o arcabouço próprio para o Fiagro, em discussão na Comissão Valores Mobiliários (CVM), traga mais clareza em relação ao pagamento de dividendos.

"No CRA [Certificado de Recebíveis do Agronegócio], trabalhamos com juros semestrais e amortizações anuais, mas essa não é a realidade do Fiagro e o ideal seriam dividendos trimestrais. Quando a gente fechar a equação, o próprio custo vai baixar para o produtor. Estruturalmente falando, vai ser bom para todo mundo", disse Maia.


ESPECIAL SUPERAGRO


Compreensão sobre o campo

Na avaliação de Paulo Froés, diretor de mercado de capitais da StoneX, o patrimônio dos Fiagros pode chegar a R$ 40 bilhões nos próximos dois anos, mediante o avanço das regulações, sendo favorável ao pagamento de dividendos entre trimestre e semestre. Para isso, ele observa que o mercado precisa compreender melhor a complexidade das atividades no campo, como as mudanças climáticas e a questão dos índices pluviométricos nas diferentes etapas da safra.

"Tem um espaço cultural para se discutir: como o que é ciclo operacional de uma fazenda, o que são boas práticas de gestão. Isso só vai contribuir mais para os spreads de crédito e converge para um ambiente mais propício ao acesso ao Fiagro", afirmou Fróes.

Também o investidor pessoa física precisa estar mais atento à dinâmica do campo, segundo Froés, para não criar disfunção do preço; isto é, uma diferença entre o valor real dos ativos que estão no Fiagro em relação ao valor da cota pessoal no mercado em bolsa.

"O investidor que não entender as peculiaridades vai se desesperar e começar a vender a posição dele no mercado secundário, aí você cria o que se chama de disfunção de preço", disse.

Para além disso, ele pondera que os cotistas precisam estar atentos na relação entre o volume de pagamento por cota e a capacidade do portfólio render, considerando o risco. tem que render no mínimo para poder entregar esse dividendo.

"Na prática, o que está se fazendo é a precificação de trás para frente e não efetivamente tendo como fundamento alocar o preço ajustado ao risco. Isso também gera assimetria de preços nesses fundos e, claro, no mercado secundário também", afirmou.

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