Elanco quer fomentar debate de ILPF e rastreabilidade na pecuária
Fernanda Hoe, diretora geral da companhia americana, diz que setor de saúde animal também acompanha comportamento do consumidor sobre origem da carne
Repórter de Agro
Publicado em 22 de agosto de 2023 às 09h53.
Prestes a completar cinco anos desde a estreia no mercado de capitais, a farmacêutica americana Elanco está no ranking das principais companhias do setor de saúde animal. Ao apresentar uma receita de 4,7 bilhões de dólares em 2022, a empresa desponta ao lado de Zoetis, MSD Saúde Animal -- da farmacêutica Merck -- e Boehringer Ingelheim. Para se manter entre as posições de destaque, a Elanco quer fomentar, no debate da pecuária,a ampliação da rastreabilidade e da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Embora seja uma história recente, a evolução da companhia é marcada por dois saltos. Em 20 de setembro de 2018, a Elanco Animal Health lançou seu IPO e passou a negociar na Bolsa de Valores de Nova York. À época, as ações da companhia abriram a 32,25 dólares, acima do preço do IPO de 24 dólares por ação, dando à companhia um valor de mercado de US$ 11,49 bilhões naquele ano. Já em 3 de agosto de 2020, foi a vez de a Elanco ampliar mercado com a compra da divisão de saúde animal da alemã Bayer — um investimento de 5,17 bilhões de dólares.
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Em entrevista à EXAME, Fernanda Hoe, diretora geral da Elanco Brasil, conta que a estratégia de todo o setor de saúde animal é ampliar o bem-estar dos rebanhos, atendendo a uma demanda crescente do consumidor. Por isso, para além de medicamentos e vacinações, a executiva afirma que é preciso olhar a condição de manejo no pasto. No caso do sistema ILPF, a sombra das árvores que fazem parte do sistema produtivo proporciona melhor ambiente e a produtividade tem acréscimo.
"Há várias fazendas que aderiram ao sistema integrado e hoje em dia estão mais produtivas, com negócio mais lucrativo, porque justamente conseguem otimizar a terra que já têm, não precisam abrir novas áreas e promovem a redução do gás metano, que é absorvido pela floresta", diz Hoe.
Ainda em relação ao sistema ILPF, a diretora da Elanco diz ser uma alternativa aos pecuaristas de pequeno porte na região da Amazônia. "A gente tem a Fundação Elanco que fez aporte no Fundo JBS pela Amazônia, no valor de 450.000 dólares para três anos de projeto, para pequenos produtores que atuam em cacau e pecuária no interior do Pará", afirma.
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Sucessão familiar e rastreabilidade
A faixa etária média de quem está à frente das fazendas no Brasil é de 46 anos, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA). Uma população jovem que faz parte do plano de sucessão familiar do setor, e uma geração que chega para contribuir para a transformação digital no campo. "Esta parcela da população entende a demanda do mercado. Como é o caso da pecuária e o consumidor de carne", diz Hoe.
A digitalização dentro da pecuária, segundo ela, possibilita um nível de tecnificação superior. Isso ajuda a manter o pecuarista na atividade, inclusive por estar mais propenso a contribuir para a rastreabilidade dos processos de cria, recria e engorda.
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"Nas associações de classe, rastreabilidade é um assunto debatido, porque o consumidor quer saber de onde vem a origem da matéria-prima. Essa é uma pressão a qual toda a cadeia tenta se adaptar. Com certeza, o fio condutor para isso é a rastreabilidade. Em termos de tecnologia, mesmo o pequeno [pecuarista] tenta investir nessa frente", ela afirma.