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Com La Niña, Conab reduz projeção da soja para 177 milhões de toneladas

Mesmo com a diminuição, se confirmada, a produção ainda renovará o recorde da safra anterior

Milho nos Brasil: estimativas indicam um total de 139 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 1,5% em relação à safra 2024/25 (Freepik/Divulgação)

Milho nos Brasil: estimativas indicam um total de 139 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 1,5% em relação à safra 2024/25 (Freepik/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 11 de dezembro de 2025 às 10h13.

Com o fenômeno de La Niña no radar dos produtores brasileiros, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu a projeção da safra brasileira de soja em 2025/26, passando de 177,8 milhões para 177,1 milhões de toneladas. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 11. Mesmo com a diminuição, se confirmada, a produção ainda renovará o recorde da safra anterior, que foi de 171 milhões de toneladas.

As estimativas para a produção de milho indicam um total de 139 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 1,5% em relação à safra 2024/25. Segundo a Conab, o plantio da primeira safra atingiu 71,3% da área de 4 milhões de hectares destinada ao cereal neste ciclo.

A produção de arroz deve registrar uma queda de 12,4% nesta temporada, totalizando 11,2 milhões de toneladas — a redução ocorre em função da diminuição da área cultivada com o grão.

Segundo o levantamento da Conab, no Rio Grande do Sul, principal estado produtor de arroz, a semeadura atingiu 98% da área prevista. Em Santa Catarina, outro importante produtor, o plantio já foi concluído.

A produção total de feijão, considerando as três safras da leguminosa, está estimada em cerca de 3 milhões de toneladas, volume similar ao do ciclo passado, o que garante o abastecimento interno.

O plantio da primeira safra de feijão já foi finalizado no Paraná e em São Paulo, e segue em andamento em outros estados, com 93,8% da área semeada em Minas Gerais e 67% na Bahia.

La Niña no Brasil

A confirmação de que o La Niña pode persistir até fevereiro de 2026 tem gerado preocupações entre os produtores rurais brasileiros, já que o fenômeno climático pode impactar a produção agrícola do país, sobretudo a soja e o milho de segunda safra.

Embora a previsão de um La Niña curto e fraco sugira efeitos climáticos menos intensos, o padrão de chuva tradicional pode não se concretizar, criando incertezas para o setor, avalia Willians Bini, meteorologista e Head de Novos Negócios da METOS Brasil.

"O problema é que, por ser curta e fraca, a atmosfera pode não ter tempo suficiente para se ajustar a essa condição climática global, o que pode impedir que os efeitos tradicionais ocorram como esperado — ou seja, com menos chuva no sul e mais no norte e nordeste. Esse é um dos principais pontos a ser considerado", afirma Bini.

Na semana passada, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou uma probabilidade de 55% de que um La Niña fraco se concretize a partir deste mês até fevereiro do próximo ano.

Em meados de novembro de 2025, os indicadores oceânicos e atmosféricos mostraram condições limítrofes de La Niña, e a OMM acrescentou que há uma chance de 65% a 75% de que condições neutras prevaleçam de janeiro a março e fevereiro a abril de 2026.

Embora o padrão La Niña envolva o resfriamento temporário das temperaturas no Oceano Pacífico central e oriental, muitas regiões ainda devem registrar temperaturas mais altas que o normal, o que aumenta as chances de enchentes e secas, impactando as colheitas, segundo a entidade.

O La Niña é um evento climático caracterizado pelo resfriamento das temperaturas no Oceano Pacífico tropical, o que provoca uma série de efeitos climáticos, como chuvas mais intensas na Ásia e condições mais secas em algumas áreas da América do Sul.

O clima incerto já está no radar dos agricultores, pois tem afetado o plantio, além de gerar preocupações com o impacto da inflação.

Na avaliação do BTG, a inflação dos alimentos deve voltar a acelerar no próximo ano, passando de 1,3% para 5,0%, impulsionada pelo ciclo da pecuária e pelos riscos climáticos associados ao fenômeno La Niña.

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