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Christian Gonzalez, vice-presidente da Case IH para a América Latina (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 18 de abril de 2024 às 15h01.
SOROCABA, SÃO PAULO - Depois de atingir recordes históricos de venda em 2022, a Case IH vê o mercado de máquinas agrícolas em um momento de retração no Brasil. Apesar disso, planeja manter os investimentos e o lançamento de novos produtos, já que os números de vendas seguem acima do registrado antes da pandemia.
"Na média, estamos vendo uns 10% de mercado abaixo ao de 2023, que já foi uns 13% abaixo do de 2022. Então a gente está vendo uma queda de uns 25% em relação ao mercado de 2022, que foi recorde do recorde", diz Christian Gonzalez, vice-presidente da Case IH para a América Latina.
Em conversa com jornalistas na fábrica da empresa em Sorocaba, em São Paulo, Gonzalez disse que a queda é mais acentuada nos produtos ligados à produção de grãos, como plantadeiras, pulverizadores e colheitadeiras. Essa baixa é compensada por uma alta na procura por equipamentos para a produção de cana-de-açúcar e de tratores pequenos, esses últimos por causa de programas do governo.
"A gente não tem um mercado terrível, mas em queda. Um mercado de ajuste. É uma questão cíclica. O mercado estava muito alto dois anos atrás, [agora] temos juros altos, seca em alguns lugares. Mas vemos um mercado brasileiro que, muito rápido, vai estar produzindo 350, 400 milhões de toneladas", disse.
O mercado de máquinas agrícolas teve alta com a vinda da pandemia. A alta de preço de commodities levou produtores a investir em novos equipamentos, mas a falta de peças e falhas nas cadeias de suprimentos atrasaram entregas, o que aumentou a disputa pelas máquinas que estavam disponíveis.
Assim, em 2022, a venda de máquinas agrícolas atingiu 70.262 unidades, segundo dados da Anfavea. Antes da pandemia, em 2019, o volume anual foi quase a metade disso: 38.728. Em 2023, com queda de 13,2%, foram vendidas 60.981 unidades. Com isso, mesmo com a queda, o patamar de vendas segue acima do registrado nos anos pré-pandemia.
A queda nas vendas se deve a uma série de fatores. Muitas fazendas renovaram sua frota nos últimos anos e não precisarão de novos equipamentos agora. A queda do preço das commodities no mercado internacional reduz o lucro dos produtores e o capital para investir em equipamentos. E a alta nos juros dificulta os financiamentos.
Apesar da baixa, Gonzalez diz que a Case manteve seus planos de investimento. O principal destaque deste começo de ano da empresa na área de máquinas agrícolas é o lançamento de uma colheitadeira que tem sistemas de aprendizado de máquina.
Outra novidade é um trator que tem esteiras rolantes em vez de pneus e é importado dos Estados Unidos. As novidades foram anunciadas nesta semana e serão levadas à Agrishow, uma das principais feiras do setor, que começa em 29 de abril em Ribeirão Preto, São Paulo.