Ipea apura desvio de IED para setor não produtivo
Técnicos suspeitam que parte do volume de investimento estrangeiro direto no Brasil é utilizado para compra de títulos de curto prazo
Da Redação
Publicado em 2 de agosto de 2011 às 10h24.
Rio de Janeiro - Economistas do Grupo de Análises e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estão investigando indícios de que parte do volume recorde de investimento estrangeiro direto (IED) que o Brasil está recebendo não vai para o setor produtivo. Os técnicos do Ipea identificaram um aumento da volatilidade dessas operações nos últimos meses, comportamento mais parecido com investimentos de curto prazo em carteira de títulos.
A entrada de investimentos diretos, considerados positivos por financiar projetos no país, atingiu a maior marca histórica no primeiro semestre deste ano, US$ 32,5 bilhões, cobrindo o déficit de R$ 25,5 bilhões nas contas externas. Em 2010, o Brasil já havia saltado da 15.ª para a 5.ª posição no ranking mundial dos destinos de IED, revelou a ONU na semana passada.
Julia Braga, técnica do Ipea, conta que a aplicação pelo Ipea de um modelo econométrico desenvolvido na Universidade Federal de Uberlândia aos números recentes revelou alta na volatilidade das operações de IED no país a partir do fim de 2010, quando o governo elevou de 2% para 6% a alíquota de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre aplicações de renda fixa e empréstimos externos curtos.
A instabilidade no fluxo dos investimentos diretos, que tende a ser mais regular por seu aspecto de longo prazo, mais do que dobrou este ano na medição do Ipea. Para Júlia, isso pode ser um sinal de que parte dos investimentos em renda fixa está se disfarçando de IED para se livrar da tributação e aumentar a rentabilidade das operações.
Essa alta variância é característica de fluxos de curto prazo, cuja atração pelo país aumenta com a alta de juros. "É uma hipótese que estamos levantando. Ainda não podemos ser taxativos, pois há interesse real por investimentos produtivos apostando no crescimento do Brasil. É muito difícil separar o IED real do que pode estar apenas burlando a taxação", diz Julia, lembrando que o movimento é parecido com o que antecedeu a crise de 2008. "O prejuízo para o país é esse fluxo excessivo de capitais que pressiona a valorização do real não se converter todo em aumento de capacidade ou internalização de tecnologia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Rio de Janeiro - Economistas do Grupo de Análises e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estão investigando indícios de que parte do volume recorde de investimento estrangeiro direto (IED) que o Brasil está recebendo não vai para o setor produtivo. Os técnicos do Ipea identificaram um aumento da volatilidade dessas operações nos últimos meses, comportamento mais parecido com investimentos de curto prazo em carteira de títulos.
A entrada de investimentos diretos, considerados positivos por financiar projetos no país, atingiu a maior marca histórica no primeiro semestre deste ano, US$ 32,5 bilhões, cobrindo o déficit de R$ 25,5 bilhões nas contas externas. Em 2010, o Brasil já havia saltado da 15.ª para a 5.ª posição no ranking mundial dos destinos de IED, revelou a ONU na semana passada.
Julia Braga, técnica do Ipea, conta que a aplicação pelo Ipea de um modelo econométrico desenvolvido na Universidade Federal de Uberlândia aos números recentes revelou alta na volatilidade das operações de IED no país a partir do fim de 2010, quando o governo elevou de 2% para 6% a alíquota de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre aplicações de renda fixa e empréstimos externos curtos.
A instabilidade no fluxo dos investimentos diretos, que tende a ser mais regular por seu aspecto de longo prazo, mais do que dobrou este ano na medição do Ipea. Para Júlia, isso pode ser um sinal de que parte dos investimentos em renda fixa está se disfarçando de IED para se livrar da tributação e aumentar a rentabilidade das operações.
Essa alta variância é característica de fluxos de curto prazo, cuja atração pelo país aumenta com a alta de juros. "É uma hipótese que estamos levantando. Ainda não podemos ser taxativos, pois há interesse real por investimentos produtivos apostando no crescimento do Brasil. É muito difícil separar o IED real do que pode estar apenas burlando a taxação", diz Julia, lembrando que o movimento é parecido com o que antecedeu a crise de 2008. "O prejuízo para o país é esse fluxo excessivo de capitais que pressiona a valorização do real não se converter todo em aumento de capacidade ou internalização de tecnologia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.