“A pandemia é a primeira crise sustentável do século 21. Em 2020, os investidores perceberam como o mundo está interconectado e vulnerável aos desafios que uma mudança climática, por exemplo, trará”. A análise é de Luis Oliveira, vice-presidente executivo da Pimco no Brasil.
Ele está bem posicionado para fazer essa leitura do mercado global: a empresa é líder em renda fixa no mundo e seus relatórios trimestrais são elaborados com a colaboração de nomes influentes das mais diversas áreas.
Em 2020, por exemplo, foram ouvidas personalidades do porte de Mario Draghi, primeiro-ministro da Itália desde fevereiro, e a diplomata e cientista política Condoleezza Rice, secretária de Estado dos Estados Unidos de 2005 a 2009.
Oliveira lembra que a pandemia é uma crise humanitária, acima de tudo. “Mas é também uma crise de sustentabilidade. “Vimos choques de fornecimento de petróleo, pandemia global, protestos e manifestações em todo o mundo a respeito de justiça social. Esperamos que a crise atual possa servir como uma espécie de trampolim, fazendo com que mais investidores procurem por alternativas mais sustentáveis”.
E é nesse contexto de transformação acelerada que ganham ainda mais importância as pautas de ESG (sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança).
Com escritórios em 15 países, incluindo o Brasil, a Pimco, empresa americana que conta com 2,2 trilhões de dólares de ativos sob gestão, está atenta a esse momento.
Atualmente, a gestora mantém 617 bilhões de dólares em ativos de origem sustentável sob sua gestão. Disponibiliza ainda uma plataforma de ESG, com uma linha de portfólios dedicados a investimentos que consideram aspectos relacionados ao tema.
Oliveira lembra que, como toda crise, a atual abre espaço para inovação. “Prevemos um crescimento da emissão de títulos relacionados a ESG, além de um mercado crescente de títulos verdes. Isso deve continuar acontecendo por um período longo. A sustentabilidade vai ocupar um espaço maior na sociedade”.
Os benefícios para os investidores virão em duas frentes, avalia ele. “A primeira através de mais dados de transparência. A segunda, por meio de crescimento de novos instrumentos financeiros alinhados a novas ações de sustentabilidade. Os próximos anos devem ser bem agitados”.
O mercado de renda fixa, que é praticamente uma vez e meia o tamanho do mercado de renda variável, deverá ajustar-se com maior agilidade a esse novo cenário, prevê o vice-presidente executivo da Pimco no Brasil.
“O mercado de renda fixa é recorrente. As empresas precisam voltar ao mercado para fazer novas emissões e captações, o que permite aos investidores pressionar por ações ligadas à sustentabilidade”.
A plataforma ESG da Pimco, diz ele, atua precisamente para ajudar a integrar essas estratégias, beneficiando aquelas empresas mais avançadas nesta agenda. “O principal é que os compromissos climáticos de longo prazo permaneçam em vigor”, diz o executivo. “Temos tentando influenciar essa migração de forma mais rápida e sustentável”.