Tecnologia

Zuckerberg questionou prática de abrir dados de usuários antes de apoiá-la

Decisão do CEO do Facebook tornou possível que um aplicativo de questionários coletasse dados de cerca de 87 milhões de usuários

CEO do Facebook Mark Zuckerberg (Aaron P. Bernstein/Reuters)

CEO do Facebook Mark Zuckerberg (Aaron P. Bernstein/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 11h12.

Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 11h14.

São Francisco - O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, questionou a prática empresarial de fornecer a milhões de desenvolvedores de software acesso amplo aos dados dos usuários antes de endossar a prática em 2012, segundo emails internos publicados na quarta-feira.

A decisão tornou possível que um aplicativo de questionários coletasse dados de cerca de 87 milhões de usuários do Facebook no ano seguinte, e depois compartilhasse as informações com a agora extinta consultoria britânica Cambridge Analytica, que trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump.

Zuckerberg lamentou a sua escolha em uma publicação no Facebook na quarta-feira, dizendo que reprimir o acesso aos dados um ano antes poderia ter ajudado a empresa a evitar um escândalo de privacidade que manchou sua reputação.

Os emails de 2012 do executivo, obtidos por um painel do governo britânico que investiga o Facebook, traz luz sobre as deliberações internas relativas à questão estratégia sobre o compartilhamento de dados de usuários da rede social.

Quando os emails foram enviados, o Facebook havia recentemente aberto seu capital e contava com aplicativos de terceiros, como jogos, para ajudar a impulsionar o crescimento da rede social.

Mas Zuckerberg questionou se tais aplicativos e os dados que eles enviaram de volta ao Facebook estavam produzindo aumentos suficientes no uso e na receita da rede social.

"Em teoria, queremos informações, mas as publicações que os desenvolvedores estão nos dando são realmente valiosos?" Zuckerberg escreveu em resposta a um longo e-mail de outro executivo. "Eles não parecem ter [conteúdo] direcionado e eu duvido que eles também aumentem significativamente o engajamento."

Uma alternativa proposta era cobrar os aplicativos pelo acesso aos dados dos usuários do Facebook, embora tal movimento provavelmente tivesse limitado o número de aplicativos que funcionam com o Facebook, escreveu Zuckerberg em uma mensagem.

O Facebook manteve o rumo, com Zuckerberg rejeitando as taxas no final de 2012. A empresa não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Engrenagens de Transformação

As deliberações nos emails do final de 2012 se concentravam no lucro e não na privacidade.

Zuckerberg e os líderes seniores debateram como os acordos de troca de dados com empresas como o Spotify e o Pinterest poderiam gerar receita, acreditando que o Facebook estava obtendo menos benefícios do acordo do que seus parceiros.

Por fim, Zuckerberg manteve o objetivo que havia estabelecido ao lançar as ferramentas para desenvolvedores anos antes: fazer com que as pessoas compartilhem mais itens no Facebook.

"O objetivo da plataforma é unir o universo de todos os aplicativos sociais para que possamos permitir muito mais compartilhamento e ainda continuar sendo a plataforma central", disse ele em um e-mail para vários altos executivos. "Isso encontra o equilíbrio certo entre onipresença, reciprocidade e lucro."

Em sua oferta pública inicial (IPO), a empresa disse que trabalhar com outros aplicativos era "fundamental" para aumentar o uso do Facebook e melhorou sua capacidade de personalizar feeds de notícias.

 

Acompanhe tudo sobre:Cambridge AnalyticaEstados Unidos (EUA)Facebookmark-zuckerbergRedes sociais

Mais de Tecnologia

Como o Google Maps ajudou a solucionar um crime

China avança em logística com o AR-500, helicóptero não tripulado

Apple promete investimento de US$ 1 bilhão para colocar fim à crise com Indonésia

Amazon é multada em quase R$ 1 mi por condições inseguras de trabalho nos EUA