YouTube fecha cerco contra fake news de saúde - mas ainda não convence
Plataforma afirma que vai aprofundar medidas e rastrear informações falsas sobre câncer
Agência de notícias
Publicado em 3 de setembro de 2023 às 13h16.
Um vídeo afirma que o alho cura o câncer, outro que a vitamina C pode substituir a radioterapia: os "conselhos" perigosos de saúde não terão mais espaço no YouTube, de acordo com a promessa da plataforma, embora os especialistas em desinformação estejam céticos e denunciem a falta de transparência.
Em 2022, diante da explosão de desinformação médica após a pandemia de covid-19, o YouTube (propriedade do Google) começou a combater conteúdos antivacina e, em seguida, os que promovem distúrbios alimentares.
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Um ano depois, a plataforma de vídeos afirma querer aprofundar as medidas e rastrear informações falsas sobre o câncer, alegando que pessoas diagnosticadas com essa doença "muitas vezes recorrem à Internet em busca de informações sobre sintomas e tratamentos, além de encontrar um senso (de pertencimento) a uma comunidade".
Os internautas que publicarem informações falsas sobre saúde terão seus vídeos excluídos e, após três postagens repetidas, seus canais ou até mesmo suas contas serão bloqueadas.
Embora o YouTube defenda um processo a longo prazo, "está apenas cumprindo suas obrigações", adverte à AFP Laurent Cordonier, sociólogo da Fundação Descartes, uma organização francesa que estuda questões de informação.
O especialista menciona a entrada em vigor, em 25 de agosto, de uma regulamentação europeia que exige que as principais plataformas digitais adotem medidas contra a desinformação e outros conteúdos ilícitos.
O pesquisador, segundo o qual "os 'desinformadores' de saúde são abundantes no YouTube em francês", duvida da eficácia das medidas anunciadas, apontando especialmente para os anúncios que também veiculam desinformação.
Ele citou um anúncio recente "para um livro que critica a ideia de que é necessário se hidratar durante uma onda de calor, com o pretexto de que 'as pessoas no deserto bebem muito pouco'".
Para a jornalista Angie Holan, diretora da rede internacional de verificação de fatos IFCN, da qual a AFP faz parte, "o YouTube hospeda tantos conteúdos que é muito difícil dizer se a qualidade da informação melhorou ou não".