Exame Logo

WhatsApp vira canal de desinformação sobre novo coronavírus

Mensagens falsas sobre o Covid-19 estão sendo amplamente divulgadas na rede social; autoridades desmentem

WhatsApp: empresa e autoridades falam sobre mensagens falsas na plataforma (NurPhoto/Getty Images)
ME

Maria Eduarda Cury

Publicado em 19 de março de 2020 às 17h42.

Última atualização em 19 de março de 2020 às 19h15.

Um dos benefícios das redes sociais e dos aplicativos de mensagens é a rapidez com a qual as informações chegam para os usuários. Em tempos de crise - como a pandemia de coronavírus -  no entanto, a grande quantidade de informações pode acabar se tornando negativa, levando em conta a dificuldade de se estabelecer um filtro para notícias verdadeiras e falsas. Enquanto autoridades de saúde, governos e jornais trabalham para entregar informações verificadas, mensagens enviadas por fontes desconhecidas em serviços como o WhatsApp auxiliam na desinformação - e não apenas no Brasil .

Nesta semana, o primeiro-ministro da Irlanda,Leo Varadkar, pediu aos seus seguidores no Twitter que parassem de compartilhar - e acreditar em - mensagens que não sejam de fontes verificadas. "Essas mensagens assustam e confundem as pessoas e causam danos reais. Obtenha suas informações de fontes oficiais e confiáveis", disse Varadkar.

Veja também

AFundação Oswaldo Cruz também foi alvo de uma mensagem falsa sobre o Covid-19, que estava sendo divulgada na plataforma. A mensagem dizia, entre outras informações falsas, que o "coronavírus é maior do que o normal; o diâmetro da célula é de 400 a 500 mícrons e, por esse motivo, qualquer máscara impede a sua entrada no organismo" e que "o coronavírus, quando cai sobre um tecido, permanece vivo durante nove horas, portanto, lavar a roupa ou colocá-la ao sol durante duas horas será suficiente para eliminá-lo". A fundação desmentiu essas e outras afirmações em seu portal oficial.

A rede social, que pertence ao Facebook, está sendo apontada como uma das principais fontes de fake news sobre os desdobramentos do Covid-19. Muitas das mensagens chegam aos aparelhos celulares dos usuários com a sinalização de que a mensagem foi encaminhada. Além disso, são raras as vezes em que se sabe a fonte original do texto ou do áudio, o que dificulta o reconhecimento; nesse ponto, a desinformação já pode ter sido lida por milhares de pessoas.

Um ponto comum entre as mensagens em questão é que elas costumam mesclar informações verdadeiras com falsas. Por exemplo, uma mesma mensagem pode ensinar métodos eficientes para lavar a mão e dizer que fazer gargarejo com vinagre mata o vírus. Ou que, após a pessoa ter sido infectada, basta beber um copo de água a cada 15 minutos para que o vírus seja eliminado do organismo. Ou ainda, que a Ambev vai distribuir álcool em gel para a população, quando, na verdade, será apenas para hospitais.

Por conta da criptografia presente nas conversas do WhatsApp, autoridades encontram dificuldades em descobrir a origem real dessas mensagens. Como apenas o remetente e o destinário tem acesso aos mensagens, a empresa responsável também não garante um monitoramento sobre o que está sendo enviado.

Para tentar minimizar o estrago, porém, o WhatsApp lançou um portal para aconselhar seus usuários a utilizarem a rede social de uma forma segura. No site, estão presentes dicas para não acreditar em tudo o que é recebido, evitar o encaminhamento de mensagens não verificadas e também histórias relacionando o uso do serviço para combater o Covid-19. A companhia também indica maneiras pelas quais os profissionais de saúde, educadores e outras organizações podem utilizar o mensageiro para falar à distância.

Além disso, o WhatsApp também anunciou que irá direcionar 1 milhão de dólares para a Rede Internacional de Verificação de Fatos, para incentivar o trabalho contra as fake news. Contatada pela EXAME, a empresa enviou um posicionamento sobre o assunto:

"O WhatsApp é um serviço de mensagens privadas usado principalmente para conversar com amigos e familiares. Estamos empenhados em fazer a nossa parte para reduzir as mensagens enviadas em escala em nossa plataforma, e é por isso que introduzimos uma série de alterações no produto. Essas alterações incluem a redução do número de pessoas para as quais você pode encaminhar uma mensagem - apenas cinco conversas por vez -, e a introdução dos rótulos de "encaminhada" e "frequentemente encaminhada", para destacar quando algo foi compartilhado várias vezes. Incentivamos todos os usuários a verificar a veracidade das mensagens antes de compartilhá-las e se envolver diretamente com fontes oficiais e confiáveis para obter informações importantes antes de compartilhá-las".

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusRedes sociaisWhatsApp

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Tecnologia

Mais na Exame